“O GD Chaves em último com 0 pontos na I Liga.
Depois, nada de clubes transmontanos na II nem na Liga 3.
No Campeonato de Portugal Série A, Vilar de Perdizes em 4º, Mirandela em 5º, Montalegre em 6º e o Bila em 13º (penúltimo).
Definitivamente, deixámos de gostar de bola. Ou a bola deixou de gostar de nós. Ou deixámos de ter dinheiro para este luxo que é o futebol competitivo. Ou deixámos de ter gente competente no futebol profissional.”
Com o texto anterior, iniciei uma publicação na minha página do Facebook, no dia 5 de setembro. A qualidade dos comentários partilhados merece que os cite, sintetizando a discussão que se seguiu. A contribuição dos seguintes nomes (por ordem de comentário inicial) acaba por representar a generalidade das perceções que todos aqueles que se interessam pelo desporto, pelo futebol e pelo desenvolvimento da comunidade transmontana assumem neste momento. Assim, a opinião esclarecida de Luís Sousa Costa, Paulo Vaz, Arménio Souto, João Almeida, Ana Vilaverde, Sofia Martins, Carlos Botelho, João Matos Bessa e Luís Mateus permitiu a síntese que se segue.
Por um lado, é reconhecido que a região não tem os excedentes de recursos que outros espaços têm. Os residentes terão outras preferências para os seus gastos e para o investimento nas modalidades desportivas. Do resultado dessas preferências, temos as escolhas que podemos.
Por outra via, também ficou bem claro que o atual estado do futebol profissional não se compadece de direções recheadas de boas intenções, mas sem competência profissional. Os clubes também não conseguem progredir sem as infraestruturas adequadas e sem as sinergias otimizadas. Ainda que a promiscuidade que, em tempos, confundia os clubes com o interesse municipal esteja hoje sancionada, é incontornável que o demérito desportivo em nada abona os intentos de progresso que a generalidade dos autarcas persegue para os seus vizinhos.
Foi ainda recordado que o futebol é hoje uma realidade que ultrapassa a dicotomia profissional-amador. Em concreto, o futebol de formação tem o condão de aproximar a comunidade. Aliás, sem puxarmos à discussão outras modalidades, tem sido o futebol de formação o mais competente na região em termos de sucesso mediatizado em termos nacionais. Se na formação existe tanta qualidade, o que acontece depois para que a mesma se perca nos escalões seniores?
O futebol, como parafraseado por várias individualidades, é a coisa mais importante dentro das menos importantes da vida. Não é tão simples assim. Envolve hoje muito dinheiro, obriga a muita competência, só é conseguido com o suor de muitas pessoas anónimas. Sem cairmos num estoicismo relativista, tudo passa e não será dramático que as atenções e os sucessos que o futebol regional perca forem destinados para outros fins. Mas é aqui que a pergunta mais densa acaba por desembocar – se o futebol está neste estado, conseguiremos identificar outra realidade que esteja, de um modo compensador, a emergir na região?