Sábado, 24 de Maio de 2025
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Mário Lisboa
Mário Lisboa
Tenente-Coronel da Força Aérea. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Sobrevivendo à quarentena

O mundo todo está com os olhos postos na Covid-19. O vírus, que alastra por todas as latitudes, toca-nos profundamente, desde os mais conscientes e informados, aos que se preocupam com o seu bem-estar momentâneo. As probabilidades do seu crescimento, e daí a necessidade de nos mantermos distantes e optar por medidas de precaução, a […]

O mundo todo está com os olhos postos na Covid-19. O vírus, que alastra por todas as latitudes, toca-nos profundamente, desde os mais conscientes e informados, aos que se preocupam com o seu bem-estar momentâneo. As probabilidades do seu crescimento, e daí a necessidade de nos mantermos distantes e optar por medidas de precaução, a quem aproveita os dias de afastamento do mundo laboral para, inconscientemente, ir até à praia.

O vírus tem-nos trazido alguns paradoxos. Se, por um lado, temos tido a infantilidade de ouvir disparates de alguns políticos a nível mundial, por outro, temos visto momentos de pura magia humana, desde a empatia do cidadão comum, à poesia, à música, à esperança. Porque, acima de tudo, a humanidade só resistirá a este vírus se o enfrentarmos em omisso, sem deixarmos ninguém esquecido.

A gravidade desta pandemia afeta-nos e não a devemos interpretar com leviandade. Porém, tudo tem peso e medida. Esta deveria ser uma oportunidade única para uma reflexão interior. Chegou o momento para ler, escrever, cozinhar, refletir no silêncio, dar uma longa caminhada, adaptarmo-nos a um espaço único, contemplar um mundo imóvel, abrir espaço para o nosso crescimento interior.

Com falta de ar, o planeta afirmou a sua necessidade de respirar.

O vírus deu o salto do animal para o humano, manifestando perante os nossos olhos, ainda mais uma vez a indivisibilidade da vida e da morte neste pequeno planeta.

A sua propagação mostrou-nos como estamos todos interligados, como somos vizinhos de porta, de todas as latitudes.

Mais: porque a história é cíclica e porque a “grande literatura” diz-nos sempre as verdades, mesmo aquelas que não queremos ouvir. Relembro, mais uma vez, Albert Camus no seu livro “A Peste”, quando a personagem Rieux sabia o que pensava aquele velho que chorava e julgava, como ele, que este mundo sem amor era como um mundo morto, e que chega sempre uma hora que nos cansamos das prisões, do trabalho e da coragem para reclamar o rosto de um ente e o coração maravilhado de ternura.

Podemos acordar do leito desta doença para uma nova aurora.

Tudo depende do que fazemos com esta paragem que nos pedem, sejamos amigos.

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