Em recente conversa informal com um grupo de amigos, demos por nós a falar de um assunto que é hoje um quebra-cabeças para o Governo. A localização de um novo aeroporto para Lisboa. Dadas as indefinições que este tema tem suscitado, de há um par de anos a esta parte, e que agora vieram ao de cima, com a vontade inequívoca do novo Ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, de o construir no Montijo.
Localização que não parece agradar às Câmaras da margem esquerda do Tejo – designadamente, Montijo, Seixal, Alcochete e outras. A oposição da Câmara do Montijo, contrária à localização, terá levado aquele governante a conduzir o assunto para a Assembleia da República, propondo mesmo a revogação de uma lei, aprovada há menos de uma década, em que se determinava que a localização desta infraestrutura tinha que ter o parecer favorável das autoridades dos Municípios em cuja área se localizasse, com o que pessoalmente estamos de acordo.
Pois bem, nessa conversa informal, foi-nos perguntado: se o senhor fosse Presidente da Câmara de Montijo, concordava com a construção do novo aeroporto, no seu concelho? Respondemos de imediato: é evidente que sim, que concordava. Acrescentando que iria pedir certamente algumas contrapartidas para salvaguardar o bem-estar das populações eventualmente afetadas. O interrogatório não ficou por aqui.
– Qual é a sua opinião sobre a necessidade de um novo Aeroporto para a capital?
Respondemos de imediato: O país não necessita de uma nova pista para adicionar à atual da Portela, porque já a tem.
– Onde?
– Em Beja, que dista menos de cem quilómetros da área metropolitana de Lisboa.
A justificação que vem sendo dada, de que a procura turística da capital do país é de tal ordem que justifica por si só um investimento nesta nova infraestrutura, não colhe. Tomemos os exemplos de outras capitais europeias, como Londres, Paris e mesmo Madrid, onde a ampliação das capacidades aeroportuárias, foram encontradas justamente a distâncias equivalentes às das que Beja dista de Setúbal a Lisboa.
E acrescentámos: o turismo, até porque é uma atividade sazonal, não pode justificar por si só um investimento daquela dimensão. Um comboio de Alta Velocidade, entre Beja e Lisboa, servirá não apenas o turismo, mas também todo o desenvolvimento da margem sul do Tejo. E com muito menores custos.
– Utopia!
– Só para quem continua a pensar que o país é Lisboa e o resto é paisagem. ■