Quinta-feira, 24 de Abril de 2025
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Ricardo Almeida
Ricardo Almeida
Professor e Empreendedor Social

Vamos ao trabalho, temos umas eleições para ganhar

As circunstâncias políticas obrigavam o Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, ao dever e à obrigação de elucidar os portugueses, de forma transparente e honesta, sobre a sua condição de consultor, encerrando de forma definitiva as dúvidas e suspeitas que nunca poderiam recair sobre si.

O surpreendente foi a opção do PM arrastar o país para eleições, precipitar uma crise política, com o seu epicentro no próprio, na honorabilidade e na sua conduta ética e moral, sendo o único responsável pelo momento de instabilidade atual.

A queda do governo acelerou o tempo político, o risco exigiu a coragem de Pedro Nuno Santos para liderar o PS num contexto de chantagem e pressão, que em nada beliscou a sua ação política, irrepreensível. Face a este cenário, considero cinco ideias que devem merecer alguma reflexão:

• Os portugueses não esperavam estas eleições – a intensidade do momento político é responsável pelo desgaste causado aos eleitores. As narrativas dos vários partidos podem não ter a devida recetividade e compreensão. A indiferença pode levar à perigosa abstenção. A mensagem do PS deve ser clara.

• O posicionamento do PM, “a melhor defesa é o ataque” – após semanas a ser confrontado com as suas próprias incoerências, a consequente precipitação de uma crise dá ao PM a iniciativa política, com o objetivo da alteração do quadro político e a retoma do controlo das narrativas e das perceções dos portugueses. A difusão da mensagem, pelos vários ministros, converge na tentativa de responsabilizar o PS pela crise política. O PS deve manter a verdade sobre o seu posicionamento irrepreensível e lembrá-la diariamente..

• Avaliação de desempenho – a popularidade de um PM está fortemente correlacionada com o estado da economia do país. Os indicadores macroeconómicos – taxa de desemprego, inflação, crescimento económico (indicadores que influenciam a tendência de voto) – serão utilizados para transparecer uma falsa ideia de estabilidade económica e social. O PS tem os ativos necessários, não só para desmontar esta perceção, como para reconquistar a confiança dos eleitores.

• Posições políticas dos partidos – o enquadramento ideológico (esquerda/direita) sempre foi uma variável importante no comportamento eleitoral, a defesa de mais estado/serviços públicos, a visão mais liberal sobre o aborto, entre outros, definia bem o posicionamento do eleitorado da esquerda ou da direita. Hoje as preocupações estão direcionadas para temas como imigração, habitação e a defesa/segurança. O PS deve ter um posicionamento claro sobre estes assuntos!

• Motivações não políticas – a tentação para o confronto sujo e pessoal é grande, percebo a necessidade de galvanizar os aparelhos partidários e preparar uma polarização política, mas exige-se frieza e a demonstração clara e inequívoca de que Pedro Nuno Santos está pronto para Portugal e para os portugueses.

Feita a reflexão, exaustiva mas essencial, vamos ao trabalho, temos umas eleições para ganhar!

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