Nestes dez anos já por ali passaram vários cantores ou grupos musicais. Mas a celebração/homenagem aos emigrantes é um ato político que se reveste de especial significado e importância. Estranhei as críticas de alguns nas páginas do Facebook. Decerto que também as houve nas esplanadas da Avenida. Li por aí “Fechei as janelas só para não os ouvir”; em contraponto, “Parabéns a um excelente espetáculo, obrigado”. À opção desta dupla de São Tomé e Príncipe – cada um tem o seu gosto e de “de gustibus non disputandum est” – nada direi. Registo somente o que encontrei numa breve busca na net – “dupla de irmãos de São Tomé e Príncipe descendentes de cabo-verdianos, portugueses e angolares, transportando em si uma diversa herança cultural”. Para o Dia do Emigrante, em Vila Real, foi uma excelente escolha, convenhamos. A que os vila-realenses e os emigrantes da região aderiram, de forma clara. Isso, ninguém deixará de o reconhecer.
Enquanto escrevo, sou acompanhado por alguma música e por uns jovens que jogam futebol de salão no campo ali ao lado, junto à Casa da Cultura. Por estes dias, encontramos pessoas que só vemos na Festa, a nossa Festa, como, com timbre bairrista, alguns dizem.
A população duplicou. A aldeia ganhou mais vida. Ainda bem para o comércio local, pois ainda há os que preferem comprar na aldeia. E a uma aldeia que continua viva, este acréscimo de habitantes, mesmo que temporários, dá-lhe mais vida.
Gostava que os leitores destes meus Visto do Marão, que habitam ou têm ligações ao Meio Rural, fizessem o exercício que eu próprio fiz há dias, proceder a um levantamento das pessoas que regressaram à terra de onde partiram. Contei dezasseis casais e mais um conterrâneo, individualmente. Foram e/migrantes. Regressaram, cansados da cidade grande. Reencontraram vida própria. Compraram, num caso, ou noutro, uma courela, para plantar uma horta, colher umas batatas. Numa aldeia com menos habitantes do que nos finais do séc. XVIII é significativo. Seria importante acompanhar esta tímida vontade de regressar com algumas medidas que consolidassem esse desejo, o transformassem em vontade para que se concretizasse, de facto. Há um trabalho a fazer. Os autarcas, dos municípios e das freguesias, têm aqui uma palavra, mas fundamental.