Vale a pena fazer uma viagem pelas autoestradas A4 ou IC5 que atravessam estes montes e vales, e fixar os olhos no amarelo das giestas.
É um deslumbramento, como diria Miguel Torga, quando se referiu à paisagem no Alto do Marão, e observar a entrada em Trás-os-Montes. O amarelo das giestas impõe-se na paisagem e a ele ninguém fica indiferente.
Observando, porém, por um outro prisma – o da economia rural, percebe-se imediatamente, que as giestas estão a invadir os nossos solos, porque a mão humana o permite. Não cuidando de plantar espécies com outro valor utilitário.
Para nós que olhamos para o território, como algo de onde podemos extrair riqueza, temos de concluir que o avanço das giestas é um sinónimo de empobrecimento dos povos que habitam estas terras.
É fácil de perceber, que onde está uma giesta poderia, melhor, deveria estar uma árvore, de fruto, de madeira, que gerasse valor.
Lição a tirar: não estamos a aproveitar devidamente, nem minimamente, a ocupação dos solos que a natureza coloca à nossa disposição. Desde logo, o repovoamento florestal, com espécies adequadas ao solo e ao clima – que os nossos profissionais dos Serviços Florestais e académicos bem conhecem.
Este tema das florestas, é uma daqueles para que mais temos chamado à atenção nestes nossos textos semanais, desde há mais de trinta anos a esta parte, lamentavelmente, com pouco sucesso. Extinguiram-se os Serviços Florestais e não vemos incómodo, quer as autoridades centrais – Ministério da Agricultura, e mesmo nas locais – autarquias. Estas dirão que não é da sua competência. Não discutimos competências. Diria que, perante o abandono a que estão a ser votados estes territórios, fora dos núcleos urbanos, é “criminoso” não olhar para eles no seu todo. Não podemos olhar apenas os jardins dos núcleos urbanos. A natureza rural, devidamente aproveitada, para além da riqueza que aporta aos seus residentes, pode apresentar-se como muito apetecível para a vista de quem a contempla, servindo também outros desígnios, como por exemplo o turismo.
Recordamos aos nossos autarcas, que a floresta pode ser uma grande fonte de rendimento para as populações locais, designadamente na sua plantação e conservação. Para além de que, até 2030, vamos ter apoios comunitários que para lá podem ser canalizados. Só é preciso vontade.