É urgente e prioritário um confronto de ideias que se torne transparente aos olhos dos militantes socialistas e, principalmente, dos portugueses.
A ideia errática, difundida e transformada na comunicação social, sobre o embate entre duas linhas ideológicas antitéticas, onde uma configura a extrema esquerda e a outra a moderação centrista, constrói rótulos que são enganadores e pouco rigorosos nos posicionamentos habituais e regulares num partido que está habituado a governar.
Nos alinhamentos habituais existirão desde os militantes mais românticos e ideólogos aos mais pragmáticos e oportunistas, desde os que flutuam entre a direita social e a esquerda democrática, aos idealistas geracionais e até os militantes que há bem pouco tempo propagavam a necessidade de apagar, da história do PS e do país, a aliança conseguida à esquerda, em 2015, e que agora abraçam a ideia como a única bóia de salvação individual. A coerência política é esquecida e o que vale são os abraços entusiastas aos candidatos, que se forem captados pelas câmaras, tanto melhor, e mais impactante será o momento para os que têm memória oportunista.
Pois bem, no meu partido, no PS, o radicalismo não tem lugar. Desde o III Congresso Nacional, em 1979, onde o Secretário-Geral, Mário Soares, apresentou o documento Dez anos para mudar Portugal – Proposta PS para os Anos 80, um texto programático que defende o “modelo de socialismo democrático ou da social-democracia europeia”. Este terá sido o tiro de partida, que em 1986 foi consumado por Vítor Constâncio, na revisão da declaração de princípios e no programa do partido.
Ora, construir narrativas que carimbam o radicalismo à social democracia é transformar o cinzento em preto e é a perigosidade deste discurso que desvia as atenções e induz a pensar que tudo o que vem dos ditos “moderados” é realmente moderado e tudo o que vem dos radicais é somente radical.
O que vejo em Pedro Nuno Santos é a liberdade sobre a possibilidade do risco, sobre a esperança e sobre o sonho. É a liderança que faz mover o sentido de escolher o impossível em vez do possível. Insensatez seria aceitar o possível! E Karl Marx já não paga quotas no PS há muitos anos.