A primeira memória que tenho relativamente às corridas de Vila Real remonta a 1969, tinha eu 5 anos, eram as “6 horas de Vila Real”. Lembro-me bem da emoção, do ambiente, do ruido, da cor e da vertigem da velocidade, seria uma mistura de tudo isto e muito mais que determinou aquilo que queria ser quando fosse grande, engenheiro mecânico e corredor de automóveis. Passados estes anos todos, concretizei 50% do sonho.
Com o passar dos anos, elegi a curva da Timpeira, depois da ponte, como local de eleição para assistir às corridas. Tinha várias vantagens, além de ser um local onde os automóveis passavam com alguma velocidade e experimentavam dificuldades, nos intervalos das provas sempre dava para refrescar com uns mergulhos no rio Corgo.
O encanto de Vila Real é potenciado pelo caráter exclusivo das suas gentes. A sua paixão, aliada ao saber receber, encurta fronteiras, une continentes e não tem preconceitos. Desde os primórdios da história do circuito, a competição está enraizada entre os que correm, ou os que estão simplesmente apaixonados pelos automóveis, e tudo o que diz respeito a esse universo.
Apesar da aposta forte que se tem feito nos últimos 10 anos, na comercialização do produto “corridas”, com um grande investimento publico na publicidade televisiva, anúncios de jornais, rádios e outros meios de comunicação, a verdade é que não conseguimos hoje estimar o impacto económico que as corridas de Vila Real trazem para a cidade e para o concelho, anualmente. Sim, é necessário fazer um balanço económico entre a receita e a despesa, porque estamos a falar de investimentos com dinheiros públicos.
A finalidade do investimento público, por exemplo aquele que é gerado por uma autarquia, é a aplicação de recursos financeiros por parte dessa mesma entidade em projetos e iniciativas que visam promover o desenvolvimento económico e social do seu concelho.
Estes (investimentos públicos) têm como objetivo melhorar a qualidade de vida da população, promover a inclusão social, fomentar o crescimento económico, estimular a economia e reduzir desigualdades regionais. A gestão eficiente dos dinheiros públicos requer um compromisso contínuo com a transparência, a responsabilidade e a inovação.
Defendo a marca “Corridas”. Somos herdeiros de um legado diferenciador e único, temos o dever e a obrigação de zelar por ele.
No futuro, quero que as corridas tenham impacto ao longo do ano e não apenas num fim de semana. Para isso há que rentabilizar o evento.
Por exemplo, com a criação de uma mascote alusiva às corridas, com a criação de um museu que tenha a sua história, com simuladores de condução de realidade virtual, com a criação de eventos periódicos com a participação de nomes sonantes do desporto automóvel. No fundo, passar a ver (e ter) as corridas como uma atividade desportiva municipal, e não apenas uma atividade comercial e propagandística.
O município investir milhares de euros por ano, num fim de semana de corridas, parece-me que é pouco envolvente e, ao mesmo tempo, pode gerar uma sensação na maioria das pessoas de ser um desperdício e uma fonte de esbanjamento de dinheiros (públicos).
Quero umas corridas, dinâmicas, participativas, entusiastas e que envolvam e cativem toda a população vila-realense: da cidade e do concelho.
Aproveito para agradecer, enaltecer e saudar, todos aqueles que, de forma voluntária e com espírito altruísta, contribuíram e contribuem anualmente para a realização das corridas de Vila Real.
Obrigado!