Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2025
No menu items!

Duas mulheres extraordinárias

Gosto muito de biografias, nomeadamente de personalidades que fizeram e fazem história.

Ou seja, alguém que fez obra, que deixou marca, que influenciou o rumo da História, como é o caso das que li recentemente, de duas notabilíssimas mulheres que contribuíram para o progresso da nossa civilização: Angela Merkel e Marie Curie.

Viveram separadas por um século, com atividades e interesses completamente diferentes, com realizações e obras que nos deixaram muito distintas, mas ambas excecionais e com uma importância para o mundo e para as nossas vidas absolutamente marcantes.

Angela Merkel, responsável política pela Alemanha durante 16 anos, sucedeu a Helmut Kohl, o responsável pela reunificação alemã. Oriunda de um país comunista como foi a Alemanha de Leste, soube o que era uma ditadura feroz e uma polícia política (Stasi) implacável, o que a levou a valorizar a democracia e a liberdade, consolidando a unificação Alemã e transformando a Alemanha numa das principais potências mundiais.

A sua ação e liderança também se fez sentir na Europa onde foi decisiva para manter o velho continente no topo do progresso mundial como força económica e política, a par dos Estados Unidos e da China.

Nesta sua biografia, escrita antes de 2022, início da bárbara invasão da Rússia na Ucrânia, a Chanceler alemã faz um diagnóstico certeiro do ditador Putin, da sua personalidade, das suas ambições, da sua megalomania e do caminho que acabou por seguir para tentar transformar a Rússia no império ditatorial e sanguinário que já foi. O seu conhecimento de Putin e do seu regime confirma estarmos perante gente perigosa que, sem regras e sem escrúpulos, é capaz das maiores barbaridades. De leitura obrigatória, “A Chanceler. A Notável Odisseia de Angela Merkel”, por Kati Marton.

A outra biografia que li e queria destacar foi a de Marie Sklodowska Curie (1867-1934), nascida na Polónia, e que fez toda a sua carreira nas áreas da física e da química em França onde casou com Pierre Curie e se naturalizou francesa.

Os dois desenvolveram um excecional trabalho científico que os levou à conquista do Prémio Nobel da Física, em 1903, e da Química, em 1911.

Foi a primeira mulher professora da Universidade da Sorbonne, da Academia Francesa das Ciências e a ganhar um Prémio Nobel (PN) pelos seus descobrimentos da radioatividade e dos elementos rádio e polónio. Estas descobertas foram fundamentais para o desenvolvimento dos Raios-x (diagnóstico) e da radioterapia para o tratamento do cancro.
Tendo crescido numa Polónia pobre, dominada pela Rússia czarista, Marie Curie, como diz a filha: “… teve a infância difícil, a adolescência apertada pela necessidade e a juventude miserável…”. Não nasceu num berço de ouro e por isso teve que trabalhar para fazer os seus estudos universitários em Paris.

MC sempre viveu com muitos sacrifícios e restrições económicas, mas a sua dedicação à ciência e ao trabalho, a sua inteligência, a sua humildade, a sua honestidade, o seu espírito de sacrifício e o seu desprendimento dos bens materiais recompensaram-na com o triunfo na ciência.

A sua filha mais velha, Irène Joliot-Curie, seguiu os passos dos pais na pesquisa sobre a radioatividade e conquistou para a família Curie outro Nobel, três no total.

Este pequeno texto justifica a leitura atenta da sua biografia “Madame Curie” escrita pela sua filha mais nova, Ève Curie.

OUTROS ARTIGOS do mesmo autor

NOTÍCIAS QUE PODEM SER DO SEU INTERESSE

ARTIGOS DE OPINIÃO + LIDOS

Notícias Mais lidas

ÚLTIMAS NOTÍCIAS