Sexta-feira, 29 de Março de 2024
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

E empertigaram-se

A democracia é exigente. Exige aos eleitos o cumprimento das suas propostas eleitorais, aos eleitores, que mantenham uma grande atenção ao trabalho dos primeiros e à comunicação social um escrutínio constante à ação governativa

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Por estes dias temos tido a oportunidade de o comparar com outros. Os autocratas não gostam do escrutínio, nem dos eleitos, nem da comunicação social. São senhores de tudo. Nem a separação de poderes é um princípio a respeitar.

Por cá, acontecimentos recentes evidenciam algumas virtualidades da democracia, quando funcionam todos os elos da cadeia. Foi assim, pela positiva, quando o Tribunal Constitucional tomou uma decisão que, a ser outra, podia provocar o desagrado generalizado da opinião pública. Pela negativa, temos outros dois episódios. Sim, episódios, porque não quero crer que sejam atitudes que façam sucesso.

Os seus atores empertigaram-se e deferiram golpes para todos os lados, mesmo que com implicações no desenvolvimento do país. Altivos, nos seus pedestais, enquanto convencidos dos seus feitos, desencadearam um forte ataque ao Governo. Não terá sido bem ao Governo da República. Talvez mais a algumas medidas do Governo, com as quais não concordam, hoje, como, decerto, nunca concordaram noutros tempos.

Cavaco Silva, que se perpetuou nos mais altos cargos da República, que jurou servir de acordo com a Constituição, subiu ao alto da encosta para desafiar o Governo a fazer melhor, falando dos tempos em que dialogava com a oposição. Ora, no seu tempo aprovou-se a Lei-quadro da Regionalização. Mas, de imediato, foi metida no fundo, bem no fundo, da gaveta.

Agora, tenta justificar-se, na pose altiva, hirta e vaidosa, que assume de tempos a tempos. Rui Moreira, há 9 anos na presidência da cidade do Porto, quis também dar um ar da sua graça. Dizendo-se regionalista, não deve ter gostado da eleição do Presidente da CCDR-N por um colégio de autarcas em que o seu voto valeu tanto como o do Presidente do Município mais esconso.

Vai daí, queixa-se do processo de descentralização e, em vez de assumir a sua divergência junto dos seus pares, propõe à vereação e à Assembleia Municipal a saída da Associação Nacional de Municípios. Razões? Bom: “A ANMP não é capaz de nos representar” (JN, 30 de maio), por “divergências quanto à negociação sobre a descentralização de competências” (Público, 1 de junho). Lamentável! Mesmo que acompanhado por mais alguns militantes do PSD, uma boa negociação será sempre preferível a estes argumentos.

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