Chamou a essa «nota introdutória o apego dos trasmontanos», a uma tendência que os autores dessa Província têm para imprimirem ao que escrevem, pintam ou transformam em arte. «Esse apego é, por exemplo, o que Miguel Torga levou a aplicar-lhe o conhecido cliché do Reino Maravilhoso». O mesmo que aplicou à definição do Boi do Povo, o deus da fertilidade. Com esse corpus de textos de autores nossos, elaborou essa «Geografia Literária Transmontana» num opúsculo de 80 páginas, nas quais transcreveu, mais em verso, do que em prosa, exemplos temáticos de vinte e cinco autores.
Na nota introdutória explica a sensibilidade dos artistas Trasmontanos em que se inspiram em temática telúrica, ao invés de outros que nascem em berços de ouro e versejam, pintam ou exaltam, ambientes palacianos, cerceando fronteiras inóspitas que chocam com o ruralismo dos leitores da prole a que pertencem.
«Pareceu-nos saudável satisfazer a legítima curiosidade com que o leitor comum deitará uma olhadela ao modo como os escritores se relacionam com a geografia. Desta preocupação resultou a ideia de reunir numa antologia, textos de diversos autores, em diferentes géneros e muitas vezes portadores de pontos de vista divergentes».
O projeto era ambicioso para reunir num só volume, o elevado número de textos e autores que cumprem essa preocupação temática. Daí que neste primeiro volume, seja dedicado aos acidentes da geografia humana, prometendo, em 2023, aparecer um segundo volume, voltado para a geografia física e, mais tarde, um terceiro, em 2024, sobre a geografia humana. É, inegavelmente, uma pesquisa literária, através da obra de poetas da Província que orientam as suas tendências para o húmus que pisam e lhes tempera o corpo e a alma.
Os Trasmontanos sempre beberam nos adágios populares a filosofia da vida. O rural nem sempre rima com o urbano, tal como o frio raramente se dá com o calor.
Torga foi mestre nestas minudências temperamentais. Toda a sua obra se enreda na simbologia. E quem o elege para seguir a semiótica humana não pode nem deve ser tolerante.
Depois de ouvir, dia 3 do corrente, Carlos César, que «bateu todos os recordes nepotistas», desde Trás-os-Montes aos Açores e que diabolizou Passos Coelho, ao afirmar que «Montenegro era uma espécie de heterónimo deste Vilarealense». Apesar de todos os defeitos que, vergonhosamente, C.C. e alguns dos seus camaradas, lhe apontaram, Passos Coelho ganhou as eleições. Só por via revolucionária e nunca vista, a «geringonça», de má memória, deu azo a que César brilhasse e introduzisse toda a sua família à mesa do orçamento geral do Estado. Esse Senhor esqueceu-se de que foi o Governo de Passos Coelho que através desses dois pecados mortais de que é acusado conseguiu sair da bancarrota em que o PS deixara o País. Não fora isso e César não teria proteção para «encaixar toda a família» onde está e vai permanecer, à custa de todos nós. A heteromania de C. César faz parte deste mau exemplo com que tentou enlamear o novo líder do PSD.