A associação Vale D`Ouro, que reúne todos os municípios do Vale do Douro, disse estar à espera de “um calendário realista e que não diga que os comboios só chegarão a Barca d`Alva daqui a sete anos”, o que não seria aceitável. Boas notícias, mas…
A Linha do Douro chegou à Régua nos finais do século dezoito, tendo os ramais de via reduzida para Amarante, Chaves e Bragança, sido concluídos no primeiro quartel do século XX. Estes projetos tiveram o auxílio financeiro da Associação de Comerciantes do Porto, interessados como estavam na ligação até Salamanca, que era vital para o desenvolvimento de todo o Vale do Douro. Um século passado, a história desta via não regista nenhum dos progressos esperados: nem eletrificação, nem duplicação. Há quem acuse Cavaco Silva de ter descurado a via-férrea, nos seus mandatos de primeiro-ministro – dez anos, e Presidente da República, mais dez. É verdade. Deu preferência à rodovia em todo o país e foi o que se sabe: a abertura de estradas e autoestradas, de Norte a Sul, que ainda fazem inveja ao país vizinho.
Será agora, que este Governo e os futuros que venham a governar o país vão olhar para a ferrovia, não apenas para o vale do Douro, mas de Norte a Sul do país, construindo vias de Alta Velocidade, a exemplo do que acontece em toda a Europa? Interrogamo-nos como é que, com tantos Fundos Financeiros que, generosamente, a Comissão Europeia nos está a disponibilizar, António Costa não seja mais ambicioso neste domínio. Foi anunciado, há uns meses, a modernização da ferrovia desde a fronteira a até Faro em alta velocidade, ligando Tui, a Norte, a Sevilha no Sul. Porém, ligações intermédias, entre os nossos portos de mar e Espanha, serão sempre bem-vindas.
Há cem anos foi a aposta na ferrovia, que desenvolveu o interior do país, possibilitando a sua modernização económica, a agricultura e até pequenas indústrias. Hoje, a modernização da ferrovia poderá fazer milagre idêntico, fixando no interior as pessoas que aí nasçam e ajudando a esvaziar os grandes centros do litoral, permitindo até a quem aspire a viver melhor, que o possa fazer no interior, a exemplo do que se passa na europa, nomeadamente nos países nórdicos e na Alemanha.
António Costa poderia assim a ficar na História da Ferrovia, como Cavaco Silva ficou na da Rodovia.