Citando o diplomata e escritor espanhol Angél Ganivet (1865-1898), “o horizonte está nos olhos e não na realidade.”
Na circunstância flaviense, o problema é que a realidade do sr. Presidente de Câmara não vai para além dos seus olhos, gerando uma excessiva tacanhez em muitas das decisões da autarquia.
Exemplo paradigmático é todo o enredo em volta do antigo cineteatro (o futuro Aquanatur Palace), um espaço multiusos onde irá ser implantado um Laboratório Experimental e Sensorial em torno da Água.
Como é apanágio em qualquer obra no centro histórico de Chaves, após o início da operação de demolição da infraestrutura existente, surgiram os primeiros achados arqueológicos romanos.
Ao invés do que tem sido tradição da autarquia em preservar estes achados, dando-lhes um espaço, este executivo municipal apressou-se em abafar e ocultar todo o património lá encontrado.
Ignorando os melhores exemplos da área, em vez de redefinir o projeto e criar mais um núcleo museológico que potenciasse a oferta cultural na rua de Santo António, o PS quer o seu palácio da água à força.
Em simultâneo, nos municípios de Braga e Rio Maior ocorreram situações análogas que tiveram outra atenção e outro tratamento por parte das respetivas autarquias.
Em Braga foi recentemente estabelecido um protocolo com a Universidade do Minho para a “valorização e adequação à visita do Núcleo Arqueológico de Santo António das Travessas”.
Em Rio Maior a autarquia desenvolveu um projeto extremamente interessante e inovador na área digital para dinamizar e divulgar o património histórico da “Villa Romana”.
A falta de flexibilidade para mudar decisões quando as circunstâncias o exigem não é demonstração de convicção ou coerência dos decisores, mas de muita teimosia, casmurrice e obstinação.
Assim, urge uma mudança na mentalidade associada à tomada de decisão em Chaves, sendo que, para tal, é indispensável mudar as pessoas que estão envolvidas no processo de decisão.
Nao é por excesso de património histórico que o futuro de Chaves e os seus horizontes estão comprometidos, mas pela falta de mundividência crónica de quem tem a função de preservar o seu legado.