No último dia 9 de abril, a decisão instrutória da Operação Marquês gerou uma enorme indignação pública, com muita gente a sentir-se revoltada e estupefacta.
É inteiramente compreensível que depois de ter sido preso um ex-primeiro-ministro, facto inédito no nosso país, de ter sido apresentada uma volumosa acusação e conhecidos pormenores processuais altamente comprometedores, ninguém esperasse que José Sócrates escapasse de ir a julgamento responder pelos crimes mais graves que lhe foram imputados, ou seja, corrupção.
Recordemos que Sócrates, foi um primeiro-ministro que irresponsavelmente nos conduziu à insolvência. Chamou a troika, negociou com a troika aquele memorando, colocou-nos sem acesso a financiamento.
Hoje, a sociedade portuguesa percebe que um antigo primeiro-ministro vivia regularmente de doações, de pagamentos ou de empréstimos que visavam, segundo o próprio juiz, o satisfazer a personalidade.
É grave Portugal ter um (ex) primeiro-ministro que vivesse assim, de financiamentos, doações ou empréstimos de uma pessoa próxima e, portanto, o meu juízo, ou o de uma parte da sociedade portuguesa sobre essa forma de vida também está feito.
Aliás, ver José Sócrates, celebrar em tom de vitória uma decisão instrutória que o pronuncia por crimes de branqueamento de capitais, que estão associados a outros de corrupção, que, entretanto, prescrevem, diz bem da culpa e do alívio, se bem que me parece que ainda a procissão vai no adro.
Mas mais grave que a leitura e decisão do juiz de instrução, é a forma como o aparelho socialista permitiu que alguém com esta postura tenha chegado onde chegou, ou seja a Primeiro-ministro de Portugal. Foi fácil perceber o incómodo dos que o aplaudiram junto à prisão de Évora e que, entretanto, nem dele querem ouvir falar, mas não restem dúvidas que o Partido Socialista de agora tem muito daquilo que é José Sócrates, por mais que se tente negá-lo. Basta ver que mais de um terço do governo atual, vem do governo que levou Portugal à bancarrota, o que aliás é recorrente em governos liderados pelo PS.
A justiça não funcionou, pois provou-se que mesmo que a corrupção exista, o sistema não é capaz de julgar.