Sexta-feira, 18 de Abril de 2025
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

O herói e o vilão

Ocorreu na semana passada o falecimento de uma figura que a história se encarregará de continuar a lembrar.

Referimo-nos a Mikhail Gorbatchov, que ex-Presidente da União Soviética, no período da “Guerra Fria” que dividiu durante décadas o Mundo Ocidental com o Império Soviético.

Gorbatchov foi o homem que tornou possível o sonho impensável de pôr fim à Guerra Fria. Derrubou a Cortina de Ferro, devolveu a liberdade e a soberania a inúmeras nações do Leste e do Cáucaso, permitiu a reunificação da Alemanha e iniciou o processo de desarmamento nuclear com os Estados Unidos, o que nos garantiu mais de 40 anos de paz.
As suas relações com o Presidente Ronald Reagan, o Presidente que governava na altura os Estados Unidos da América – E.U.A., foram por vezes tensas, mas ambos sabiam que só com cedências mútuas poderiam levar os seus sonhos a bom porto.

A “Queda do Muro de Berlin” em 1981, já quase vinte anos depois da sua ascensão ao poder, foi o ponto final, que selou um período de paz, e nos conduziu até aos dias que ainda vivemos.
Vladimir Putin é a antítese de Gorbatchov. Tendo herdado um país estabilizado politicamente, embora com um regime pouco democrático, porque não é fácil, de facto, governar um país com uma extensão geográfica de 11 fusos horários – 3 no continente europeu e oito pelas estepes, fora do continente asiático, que só termina em Vladivostok, já nas costas do Índico.

Essa extensão territorial não pode impedir, porém, que esses territórios não se possam autogovernar sem ser com a “mão de ferro” de um ditador, com desejos de refazer o império soviético, não se coibindo de usar, para isso, todos os meios ao seu alcance com grande violência, com a morte de centenas de civis e terríveis atrocidades, para anexar a Ucrânia, – um grande país. Nesta aventura, que se percebe agora melhor, será apenas o início da sua caminhada para o continente europeu que, eventualmente, também quererá conquistar. Um homem para quem a vida humana nada vale, que continua com bombardeamentos indiscriminados, matando cidadãos civis indefesos, utilizando a seu próprio povo como carne para canhão.

Não intuímos nada de bom a respeito do fim deste conflito. O arsenal nuclear que existe espalhado pelos vastos territórios que está na sua mente conquistar, bem pode ser uma tentação, no caso de as coisas no terreno começarem a não correr de feição com os seus inimagináveis desejos. Um verdadeiro vilão, esta criatura, que não honra, antes pelo contrário, a memória de um verdadeiro herói que foi Gorbatchov, agraciado em 1990 com o Prémio Nobel da Paz.

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