Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2025
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O PCP e a Democracia

Indigna-se o País, e com razão, pelas posições que o PCP tem tomado perante esta guerra desencadeada pela Rússia com a invasão da Ucrânia.

Esta indignação compreende-se porque quem vê diariamente as imagens que a televisão nos mostra dos massacres das populações, da destruição das localidades, da verdadeira barbárie que os russos estão a cometer contra a nação ucraniana, fica em choque e não compreende como é possível isto acontecer. A que propósito se aniquila um povo e se destrói um país independente e pacífico cujo único mal é ser vizinho da Rússia do senhor Putin? Então, porque toma o PCP uma posição contra a Ucrânia democrática e independente vítima de uma agressão? Porque não condena claramente a agressão da Rússia, país cuja “democracia” se resume ao quero, posso e mando do Sr. Putin? Este expansionismo russófilo não é imperialismo?

A resposta a todas estas questões é muito simples – o PCP nunca foi um partido democrático e os comunistas sempre odiaram a democracia. A cassete da luta contra o estado novo, as prisões e as perseguições para instalar um regime “democrático” no nosso país era, como frisa muito bem António Barreto, para instalarem a sua “democracia” a que chamam popular e que, na realidade, é a tal ditadura do proletariado (leia-se ditadura do partido e dos seus dirigentes – a nomenklatura) que Álvaro Cunhal, em pleno PREC, mandou retirar do programa do PCP para não assustar potenciais eleitores. Aliás, o mesmo Álvaro Cunhal, senhor todo poderoso do PCP, declarou na mesma altura em entrevista à jornalista italiana Oriani Fallaci: “Portugal nunca terá uma democracia parlamentar”. Diga-se que a democracia parlamentar é a que vivemos e é a que tem liberdades sem censura e sem presos políticos, partidos políticos, eleições livres, sindicalismo livre, com direito à greve, etc. Pelo contrário, a tal “democracia” popular/ditadura do proletariado é o que existe na China, Coreia do Norte e Cuba. O PCP defende, como dizia um amigo meu: a abundância da Venezuela; o salário de Cuba; a justiça da China e a liberdade da Coreia do Norte. Com o seu ideário político, com mais de cem anos, do tempo do proletariado rural e operário que já não existe, e de um comunismo soviético que implodiu porque faliu financeiramente, o PCP tem vindo a caminhar a passos largos para a extinção.

O jornal Público de 06/06/19 dava conta de uma análise do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa que concluía: “a CDU (PCP) arrisca a extinção a médio prazo por uma questão de demografia, porque a maioria dos seus eleitores tem mais de 65 anos!” De facto, o PCP é um partido velho nas ideias e na prática, sendo no mínimo estranho que desde 1974, portanto há 48 anos, o mundo tenha mudado tão radicalmente e o PCP se mantenha exatamente na mesma. A renovação etária que tem promovido nos seus dirigentes e representantes não passa de uma cosmética em que os novos repetem os mais velhos sem qualquer ideia ou facto novo. A verdade é que, com a sua atual prática política, o PCP não faz falta nenhuma à democracia.

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