Quarta-feira, 19 de Março de 2025
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Rússia/Ucrânia: a história repete-se

Quando a Rússia começou a lançar as primeiras bombas, sob o povo ucraniano, indagamo-nos a que propósito o caudilho soviético decidiu invadir um país soberano, seu vizinho, sem anúncio prévio de qualquer facto de natureza política, que indicasse uma razão plausível para o fazer, tanto mais que a Rússia é um país imensamente extenso em área. E comentámos dizendo, que não lhes faltaria que fazer no seu território em direção à Sibéria – mais de 10˚ de extensão em latitude.

Na publicação, “Fome Vermelha”, de Anne Applebaum, que trata da repressão de Estaline sobre a Ucrânia, a nossa dúvida é esclarecida através de alguns relatos, do que que se passou nos anos trinta do século vinte. Por essa altura, a Rússia comandava a União Soviética com braço de ferro, como é próprio dos regimes comunistas. O que realmente aconteceu nos anos de 1917 a 1934, e em particular no outono, inverno e primavera de 1932/33, foi que devido à fome, pelo menos 5 milhões de pessoas morreram, dos quais 3,9 milhões eram ucranianos. E, enquanto os camponeses morriam nas aldeias, a polícia secreta soviética lançou-se no ataque contra as elites intelectuais e políticas ucranianas – professores, curadores de museus, escritores, artistas, padres, teólogos, funcionários públicos e burocratas. Esta repressão levou à sovietização do país, destruindo a ideia nacional ucraniana e eliminou toda e qualquer contestação ucraniana à unidade soviética.

Porém, a história da fome não foi ensinada. Em vez disso, entre 1933 e 1989, a URSS recusou simplesmente reconhecê-la. Com a queda do muro de Berlim, a Ucrânia declarou a independência, tendo a União Soviética chegado ao fim, em parte como resultado da decisão da Ucrânia de a deixar. Pela primeira vez surgiu na história uma Ucrânia soberana, justamente com uma nova geração de historiadores, arquitetos, jornalistas e intelectuais das artes e das letras.

O reinado de Estaline acabou, permitindo à população daquele enorme país respirar, livremente.

Eis a razão, que terá levado Putin, o “Novo Czar de Moscovo”, a tentar reescrever a história do sovietismo e a tentar reimplantá-la para sul em direção à Crimeia, também ela em processo de reintegração.

Espera-se, esperamos nós, ocidentais, que haja a determinação suficiente do mundo livre, designadamente o que está mais próximo, a Europa, para ajudar a Ucrânia a ver-se livre desta guerra injusta, que um ditador lhe está a impor sem qualquer justificação.

Está em causa, não apenas a Ucrânia, mas toda a civilização universal.

Há que continuar a ajudar.

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