Na publicação, “Fome Vermelha”, de Anne Applebaum, que trata da repressão de Estaline sobre a Ucrânia, a nossa dúvida é esclarecida através de alguns relatos, do que que se passou nos anos trinta do século vinte. Por essa altura, a Rússia comandava a União Soviética com braço de ferro, como é próprio dos regimes comunistas. O que realmente aconteceu nos anos de 1917 a 1934, e em particular no outono, inverno e primavera de 1932/33, foi que devido à fome, pelo menos 5 milhões de pessoas morreram, dos quais 3,9 milhões eram ucranianos. E, enquanto os camponeses morriam nas aldeias, a polícia secreta soviética lançou-se no ataque contra as elites intelectuais e políticas ucranianas – professores, curadores de museus, escritores, artistas, padres, teólogos, funcionários públicos e burocratas. Esta repressão levou à sovietização do país, destruindo a ideia nacional ucraniana e eliminou toda e qualquer contestação ucraniana à unidade soviética.
Porém, a história da fome não foi ensinada. Em vez disso, entre 1933 e 1989, a URSS recusou simplesmente reconhecê-la. Com a queda do muro de Berlim, a Ucrânia declarou a independência, tendo a União Soviética chegado ao fim, em parte como resultado da decisão da Ucrânia de a deixar. Pela primeira vez surgiu na história uma Ucrânia soberana, justamente com uma nova geração de historiadores, arquitetos, jornalistas e intelectuais das artes e das letras.
O reinado de Estaline acabou, permitindo à população daquele enorme país respirar, livremente.
Eis a razão, que terá levado Putin, o “Novo Czar de Moscovo”, a tentar reescrever a história do sovietismo e a tentar reimplantá-la para sul em direção à Crimeia, também ela em processo de reintegração.
Espera-se, esperamos nós, ocidentais, que haja a determinação suficiente do mundo livre, designadamente o que está mais próximo, a Europa, para ajudar a Ucrânia a ver-se livre desta guerra injusta, que um ditador lhe está a impor sem qualquer justificação.
Está em causa, não apenas a Ucrânia, mas toda a civilização universal.
Há que continuar a ajudar.