Seja como for, o rumo está traçado e tem a palavra, mais uma vez, o povo português. Uma preocupação muito séria já paira no ar: a não ser que aconteça uma surpresa, prevendo-se uma votação muito fragmentada, poderá ser difícil existir uma maioria estável para governar o país. Recomendo, desde já, às pessoas que se interessem pela campanha eleitoral, que se informem, que se inteirem das propostas políticas, e que, no dia das eleições, de acordo com o seu julgamento e a sua consciência, vão votar. É um dever e um direito como cidadãos responsáveis, é um dever de todo o cristão católico. Será uma campanha um tanto ou quanto bizarra, que andará a toque de caixa ou sobressaltada, possivelmente, conforme o solene e esfíngico oráculo do Ministério Público for deitando cá para fora profecias ou pertinentes e oportunas mensagens, tais são os processos judiciais em que muitos políticos estão envolvidos, trazendo o país em suspenso, e proporcionando o caldo espesso e perfeito para entesar algumas forças políticas.
Na substância, sabendo-se que já lá vão os grandes embates ideológicos, espera-se que os partidos políticos sejam responsáveis naquilo que propõem e mostrem uma real preocupação pelos sérios problemas que o país enfrenta, sem cederem ao facilitismo, ao populismo e à demagogia, que é o que se vê medrar mais nos discursos e nos programas, tanto à direita, como à esquerda. Que as propostas políticas sejam credíveis, sérias e exequíveis. Há que anos andamos a discutir investimentos fundamentais para o país e problemas endémicos que têm barbas, e vemos os partidos políticos mais preocupados em colocar os seus apaniguados, em servir interesses clientelares e empresariais, ou muito focados na carreira e no brilhantismo dos seus promissores líderes.
Na forma, gostaria de ver um debate de ideias, soluções e projetos com nível, educação e decência, sem gritaria saloia e sem se conspurcar a campanha com o bitaite fácil, o ataque pessoal, a diabolização dos outros, a maledicência bacoca, o dichote mordaz. Como dizia há dias a ensaísta e crítica literária Adriana Valdés: “Agora não há prestígio em ser uma pessoa educada.” Mas devia haver. O exemplo vem de cima. Compreendo que uma campanha tenha emoção e vivacidade, mas não dispensa a correção.