Quarta-feira, 9 de Outubro de 2024
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

A solidariedade que une

Na semana passada, o último dos 27 Estados-Membros adotou a Resolução relativa aos Recursos Próprios, completando-se o processo de ratificação.

Em tempo de Cimeira sobre o Pilar Social Europeu, de debate sobre o Futuro da Europa, quando se apela à participação cidadã na construção desta Casa Comum, sobretudo para os que confiam que é possível manter e aprofundar o ideal dos pais fundadores da União Europeia (UE), vem a propósito uma reflexão sobre solidariedade. Como se lhe referiu Jacques Delors, “a solidariedade que une”, que não pode permitir que as restrições financeiras se tornem uma obsessão tal que, – os países do sul (Grécia, Portugal e Espanha) e a Irlanda sentiram-no bem na crise financeira de 2008 – levem à destruição de emprego, ao aumento desmesurado das dívidas públicas, enfim, à pobreza dos cidadãos. O Ato Único, de meados dos anos oitenta, abriu as portas para essa via. Os Fundos Comunitários avançaram, cresceram e tornaram-se importantes meios para o desenvolvimento, fazendo com que alguns países dinamizassem as suas economias e deram-se passos decisivos para a União Económica e Monetária que Maastricht consagraria em 1992.

Na semana passada, o último dos 27 Estados-Membros adotou a Resolução relativa aos Recursos Próprios, completando-se o processo de ratificação. Passo fundamental para que se valorize na UE a solidariedade que une face aos critérios financeiros, na senda de Jacques Delors. Mesmo que se reconheça as virtualidades de acertar o passo entre todos, tendo presente os compromissos assumidos na ratificação dos Tratados. O Fundo de Coesão e o agora adotado Plano de Recuperação europeu, a bazuca, na metáfora do primeiro-Ministro português, sobressaem e dão novo alento ao aprofundamento da construção europeia.

É comum ter presente os níveis de desenvolvimento das regiões da Europa quando se tratam estas questões – regiões objetivo 1, países da coesão, regiões ultraperiféricas. Claro que a recuperação passa por aí. Passa também pelos novos desafios – transição digital e transição climática. Mas a construção da Europa faz-se tão mais perfeita quanto maior e mais consciente for a participação dos cidadãos, com a sua intervenção cívica, com a consciencialização das virtualidades da UE para a vida de todos e do assumir responsabilidades em conjunto. Uma Europa dos cidadãos com mais justiça social e equidade. Aquando da crise financeira, foi o cada um por si. Agora, com a crise pandémica, o olhar de conjunto, a visão da Europa como um todo esteve mais presente. Os resultados da “solidariedade que une” começam a surgir.

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