Sábado, 24 de Maio de 2025
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Ernesto Areias
Ernesto Areias
Advogado. Colunista de A Voz de Trás-os-Montes

Algaraviada

Creio ninguém ter dúvidas do zelo que o senhor presidente da República põe na defesa do interesse nacional.

Da minha parte não esqueço e tenho todo o apreço pelo contributo e o esforço de colocar o Interior na agenda política estimulando a coesão territorial e o desenvolvimento do todo nacional.

Apesar desse apreço, não gostei, enquanto transmontano e cidadão do favorecimento do Algarve em detrimento das demais regiões do país. Vão passar férias ao Algarve. E por que não ao Minho, Beira Interior ou Trás-os-Montes sem deixar de fora nenhuma das demais regiões. Insistirá no erro ao privilegiar com a sua visita os diversos concelhos algarvios semanalmente.

Compreendemos que o Algarve seja das regiões mais fustigadas pela crise sanitária que estamos a viver, mas numa altura destas também as outras, de uma forma ou outra, com maior ou menor gravidade, estão a sofrer consequências indesejáveis.

É de dizer que no melhor pano cai a nódoa. Apesar de não pertencer à área politica do PR não deixo de reconhecer o seu voluntarismo e esforço na defesa de todos os portugueses. Este erro era evitável.

Sabemos que muitos gostariam de um PR mais institucional, menos desengravatado e mais formal mas, sobretudo num momento de grandes fragilidades a proximidade dos órgãos de soberania aos cidadãos, às empresas e às autarquias locais é fundamental.

Esta crise pode ter espoletado o processo de desterritorialização de muitos trabalhadores que poderão exercer a sua atividade fora da empresa e dos lugares habituais de residência com menos pressão e sobretudo menos perdas de tempo na deslocação em horas de ponta para o trabalho.

As grandes cidades poderão e deverão perder pressão no estacionamento e no trânsito e os cidadãos fazer as suas refeições sentados sem o contributo para a poluição urbana e as buzinadelas insuportáveis.

Não interessa quando e a que horas se trabalha desde que o trabalho apareça feito em tempo útil sem que as empresas percam competitividade.

Este novo paradigma pode elevar o padrão de vida dos cidadãos dando-lhes a oportunidade de viverem em locais, onde o nível de vida seja mais barato e adequado ao seu salário.

São muitos os que vivem contrariados nas grandes cidades havendo outros que gostariam de ali viver. Talvez esta seja a oportunidade certa para uns e outros encontrarem o lugar certo e mais desejado para construírem as suas vidas.

As transformações em curso poderão ser uma oportunidade para o Interior e para as grandes cidades de modo a que uns e outros encontrem a medida certa no caminho do desenvolvimento sustentável.

Estaremos em vias de encontrar novas formas de cultura e vivencia social e de o trabalho ser menos penoso, sobretudo para quem lhe acrescenta duas ou três horas quando não é mais tempo na deslocação entre o local da sua atividade e o da residência.

Talvez o PR e os demais órgãos de soberania ajudem a desenhar e encontrar um novo paradigma da vida das sociedades, sempre sem deixarem de pensar no todo e não apenas numa das partes tratando todas elas por igual sem algaraviadas do PR que ninguém entende.■

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