Domingo, 1 de Dezembro de 2024
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Amorins

A atualidade nacional da passada semana foi absorvida pelas notícias que relataram a transferência do treinador do Sporting com destino à cidade de Manchester.

Quem se encontra minimamente atento ao panorama futebolístico tem presente que, antes de Rúben Amorim assumir o lugar que ainda ocupa, perpetuava-se um clima de instabilidade no clube, materializando-se nos péssimos resultados desportivos, que se aliavam às debilidades financeiras e às sucessivas mudanças de treinadores.

Contra todas as expectativas, o treinador português foi um dos obreiros na inversão de paradigma, tendo conquistado os títulos que por décadas escaparam e valorizando diversos ativos do plantel. Contundo, no meu entender, não é na vertente desportiva que Rúben mais se destaca, podendo este ser um exemplo para aquilo que é a nossa convivência em sociedade.

A sua postura séria e positiva contribuiu bastante para um ambiente pacifista que outrora não existia no frenético seio desportivo, optando o técnico por se mostrar honesto e transparente, assumindo a derrota e o erro sem qualquer receio ou justificação.

Por cá precisamos de mais pessoas com o comportamento e integridade de Amorim, não só no futebol, mas principalmente na sociedade e na política.

Seria tudo tão melhor se os líderes das decisões que importam – as mais complexas que trocar o Morita pelo Bragança – estivessem dispostos a enfrentar os desafios com responsabilidade, de forma direta e construtiva, ao invés de se refugiarem em quezílias partidárias que em nada beneficiam as comunidades.

Verificar-se-ia igualmente revolucionador o terminar dos discursos vazios e ideológicos que frequentemente se afastam das necessidades concretas do país, sendo por hipótese substituídos por uma atitude prática e orientada para resultados imediatos.

Outro traço de Amorim que seria muito bem-vindo na política portuguesa é a valorização do coletivo sobre o individual. Ao contrário da mentalidade de protagonismo que muitas vezes divide os partidos e afasta as pessoas, o visado tem por hábito sobrepor o grupo aos egos das individualidades, reconhecendo o valor de cada integrante.

Na mesma senda, a humildade e vontade de aprender são também fontes de inspiração. O facto de não esconder os seus erros fazem transparecer a autenticidade ausente dos nossos decisores que arrogantemente se carregam de razão em todas as temáticas.
Não bastante, quando escutamos a maioria dos oradores políticos sente-se a aura da desconfiança e da tentativa de alienação dos cidadãos. Por outro lado, a forma direta como Amorim comunica reveste-se de clareza e acaba por criar a proximidade com a comunidade sportinguista.

Na perspetiva de conseguirmos almejar um sistema mais funcional e alinhado com os interesses reais dos cidadãos, onde as decisões são tomadas não pelo desejo de poder ou protagonismo, mas pelo bem-estar de todos, certamente pertenceríamos a uma comunidade socialmente enriquecida se existissem mais Amorins.

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