Sexta-feira, 31 de Março de 2023
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Victor Pereira
Victor Pereira
Pároco. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Caminhemos com os jovens

Mais tarde ou mais cedo, a jornada mundial da juventude iria provocar celeuma.

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Não vou aqui perder muito tempo com um assunto que vai do surreal ao mesquinho, à portuguesa. É claro que se devem acautelar os custos, mas todos sabemos que um grande acontecimento custa dinheiro. Já não há pachorra para a demagogia da invocação da pobreza, quando, o retorno da jornada favorece o combate à pobreza.

O importante é que quem está à frente da organização não perca o entusiasmo e continue a preparar uma grande jornada. O importante é que os jovens caminhem para a jornada e que depois da jornada caminhem com Jesus Cristo e com a sua Igreja. Seria bom que a caminhada para a jornada e a própria jornada fosse, sobretudo, um tempo de reflexão sobre a educação e a vida da juventude. Preocupa-me, por exemplo, os atuais níveis de violência que existem entre os jovens, de que temos notícias todos os dias. Violência que é sintoma de um mal-estar e de um vazio entre a juventude.

Na Europa, preocupámo-nos sobretudo com o bem-estar psíquico, psicológico, material e social das novas gerações. Fizemos da diversão e do entretenimento a fonte da felicidade para jovens e crianças. Mas esquecemo-nos do essencial: transmitimos visões superficiais da vida e não lhes comunicámos causas e ideais, não lhes comunicámos razões de vida e motivações profundas para que a vida se realize verdadeiramente e tenha verdadeiro sentido. Não nos preocupámos com a sua forma de estar e de viver e de interagir com os outros. Não se pode andar aqui muito tempo sem se ter uma razão e um motivo nobre e válido que dê sentido à vida e que a torne justificável. O vazio tem vindo a tomar conta das sociedades europeias. O filósofo francês, Gilles Lipovetsky, no livro «A Era do Vazio», escreve: «Já nenhuma ideologia política é capaz de inflamar as multidões, a sociedade pós-moderna já não tem ídolos nem tabus, já não possui qualquer imagem gloriosa de si própria ou projeto histórico mobilizador; doravante é o vazio que nos governa, um vazio sem trágico nem apocalipse». E ainda: «A res publica encontra-se desvitalizada, as grandes questões filosóficas, económicas, políticas ou militares suscitam mais ou menos a mesma curiosidade desenvolta do que um qualquer fait divers; todos os cumes se abatem pouco a pouco, arrastados pela vasta operação de neutralização e banalização sociais. Viver sem ideal e sem fim transcendente tornou-se possível». Tornou-se possível até que se torna impossível.

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