Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2024
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Como educar hoje na fé?

A festa da Sagrada Família, que celebrámos no domingo dentro da oitava do Natal, coloca-nos sempre diante de uma família onde a fé e a vivência religiosa estão no topo das prioridades.

Todo o judeu que nascia no tempo de Jesus rapidamente era introduzido na relação com Deus e nas normas e costumes do judaísmo vigente. Não havia outra forma de ser judeu.

Há umas décadas atrás, também todos nascíamos numa sociedade maioritariamente cristã católica, transmitia-se facilmente a fé a partir da família e da cultura católica em que se nascia, fé que estava presente também nas instituições e na vida social. Nos últimos anos, tudo mudou. Passámos a viver numa sociedade descristianizada, apesar de a maioria dos cidadãos se identificar com o Catolicismo. Transmitir a fé tornou-se mais difícil e enfrentam-se novos desafios. Já não se pode continuar a educar ou a introduzir na fé como se fazia noutros tempos. O crente atual tem de se justificar diante dos outros. Coloca-se então a pergunta: como educar hoje na fé?

Sirvo-me de uma reflexão de José António Pagola, com a qual concordo, para ensaiar uma curta resposta ou dar um contributo nesse sentido. Por educar queremos dizer que se pretende fornecer os elementos básicos para que uma pessoa possa livremente descobrir e aderir a Jesus Cristo, viver essa adesão de forma gozosa, responsável e coerente, fazer do Evangelho a fonte da sua vida, em comunhão com a Igreja, e tornar-se apto a testemunhar a fé.

Hoje é fundamental que a fé resulte de uma decisão pessoal. Sou crente porque quero e assim o decidi, não vou atrás da família ou da cultura em que nasci. O crente por tradição, que mal sabe falar da sua fé, já não sobrevive no tempo atual. É preciso viver a fé com convicção pessoal. Depois é importante que a fé resulte de uma experiência gratificante e transformadora, de um profundo encontro com Deus e não de um amestramento em ideias e doutrinas, uma fé que ajude a descobrir os valores cristãos e assimilá-los na vida e não a simples obediência a normas; uma fé que capacite o cristão para saber ser responsável e caminhar por si mesmo, não se limitando a cumprir mecanicamente tradições e costumes, sabendo aprofundar a sua fé e a falar dela aos outros; uma fé que ajude a descobrir a comunidade como espaço natural do seu alimento, vitalidade e realização, em oposição ao individualismo religioso, que é traiçoeiro; uma fé centrada na relação e na confiança e não tanto na resolução de questões intelectuais.

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