Quinta-feira, 12 de Setembro de 2024
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

Douro: quando se deixará de falar em crise?

É cíclico. Não é de estranhar, dir-se-á! Pois, mesmo que assim seja, urge que se encontrem soluções que tragam ao Douro a estabilidade económica e a paz social que os durienses merecem.

Em 2023, Eduardo Pinto escrevia assim no JN online, de 6 de outubro: «Os viticultores do Douro vão apresentar à ministra da Agricultura um caderno de reivindicações para salvar a atividade, que este ano está a enfrentar grandes dificuldades devido à falta de interesse das grandes empresas pelas uvas dos pequenos e médios agricultores». Há dias, Manuel Carvalho afirmava no Público, de 28 de agosto: «Douro a braços com a pior crise das últimas décadas» e Pedro Garcias, também no Público, dia 31, fala do «plano inclinado em que se encontra a vitivinicultura duriense».

Perante isto, que dizer? Tinha prometido a mim próprio abster-me de falar dos problemas da vitivinicultura deste “país vinhateiro”. Mas depois de ouvir conterrâneos insurgirem-se, com grande revolta e em termos bem vernáculos que me eximirei de reproduzir, não resisto. Na verdade, por que razão o Douro há de ter cubas cheias de vinho vindo sabe-se lá de onde? O que justifica ver em restaurantes da região vinhos com origem em países terceiros? Chile, Argentina? Não desdenho a qualidade desses vinhos. Será porque é um meio de alguns enriquecerem, hoje, como aconteceu noutros tempos com pozinhos?!

O Presidente do Município de São João da Pesqueira, na Vindouro, este ano, na sua 22ª edição, em entrevista à RTP, não hesitou em dizer que, cito de cor, “o Douro tem condições para resolver os seus problemas”. Concordo. Bastará que os poderes intermédios, regionais, não criem barreiras e que o poder central tenha uma visão global do país e potencie os recursos da região, desde logo, os humanos e não se coarcte a capacidade criativa e inovadora dos que ousam ir além. Ao Douro vieram alguns para explorar os seus recursos. Também a água das barragens e, agora, tudo fazem para não pagar impostos devidos; também o turismo e a insígnia Património Mundial e como é difícil levar alguns a compreender quão importante é preservar esse bem; também o vinho que se produz na 1ª região demarcada e regulamentada do mundo e como é difícil fazer com que compreendam que, por isso mesmo, não pode ficar dependente de mixordeiros ou da lei do “salve-se quem puder”. Os que contrabandam o vinho para dentro da região e os que são arautos do “laisser faire” são os que provocam estas crises. Não podem integrar o grupo dos que ousam encontrar soluções que as evitem.

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