Sem tremendismos, nem receios de papões, torna-se indispensável fazer com que a normalidade regresse normalmente. E isso é dever de todos. Desde logo, dos partidos políticos, instituições fundamentais da democracia, mas também de associações cívicas, de fazedores de opinião e de cada um dos cidadãos. E os órgãos de comunicação social desempenham aí papel fundamental. Através de informação objetiva e isenta; também na opinião livremente expressa e responsavelmente fundamentada.
Estas eleições surgem porque a Proposta de Lei do Orçamento de Estado (OE) foi rejeitada no Parlamento. Ora, quem ainda não quis ou não foi capaz de apresentar justificação plausível para tal voto, deve fazê-lo. Nós, cidadãos, temos o direito a exigi-lo. Há quem pareça querer fugir a essa responsabilidade. O povo traduz na expressão “fugir com o rabo à seringa”. É que todos sabemos que, numa situação de maioria relativa, quando se estabelece uma parceria, todos os parceiros têm o dever de participar no debate e na negociação. Ora, esta, sabemo-lo, só é boa quando todos chegam ao final e viram acolhidas algumas das suas propostas/exigências, mas também cederam numas tantas. Na nossa tradição das feiras em que se negociava um pouco de tudo, muitas vezes, quando se chegava a um impasse, as partes acordavam convidar um dos presentes que percebesse do assunto para atingir o acordo. Quantas vezes se partia ao meio! Cada um cedia metade. Claro que no tempo do digital, alguns dos meus leitores estarão a sorrir pela alegoria aqui trazida. A verdade é que resultava. O que não aconteceu neste processo negocial.
E agora, que fazer? Apresentar propostas. Há partidos que estão a resolver as suas questões internas. É próprio da vida e da dinâmica dos partidos. Outros tentam fazer esquecer a opção que se mostrou desastrosa, quando votaram contra o OE. António Costa, em recente entrevista, explicou as razões pelas quais o Governo não pôde ir mais longe. Conciliar avanços nas questões da saúde, da educação, na melhoria de condições e/ou no alívio de impostos para grupos sociais que mais sofreram com os constrangimentos da crise de 2011/2014 com a credibilidade internacional e os compromissos junto dos parceiros europeus é absolutamente fundamental. Avançar com passos seguros, que façam o país prosperar. É esse o caminho.