Segunda-feira, 9 de Dezembro de 2024
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No meio está a virtude

Custa-me ver que se está a perder a cortesia, a boa educação, as boas maneiras, o civismo, o respeito elementar e a atenção afável e generosa pelos outros.

Por tudo e por nada, as pessoas estão a perder as estribeiras e destratam e maltratam toda e qualquer pessoa que lhes apareça pela frente, que lhes cause a mínima perturbação ou incómodo, ou que não venha ao encontro das suas aspirações e desejos, descarregando sobre os outros as suas tensões, insatisfações, contrariedades e fracassos. As pessoas estão a ficar menos humanas umas para as outras, o que não devia acontecer. Estamos a viver um egoísmo exacerbado e mórbido que tem de ser tratado, que nos está a empobrecer e a desumanizar assombrosamente.

A nível social e intelectual, tudo está a ser arrastado para o fanatismo, fundamentalismo e extremismo de pontos de vista e de perspetivas, de mentalidades e comportamentos, de grupos fechados e beligerantes, para a intolerância e radicalismo de ideias e propostas. Não podemos deixar que o extremismo tome conta da reflexão, da discussão e das decisões, mas fazer imperar a moderação e o equilíbrio. No meio está a virtude, já diziam os sábios gregos e romanos. A democracia é o governo da maioria, mas com respeito pelas minorias. Mas, atualmente, está-se a verificar o fenómeno de minorias ou grupos bem-pensantes quererem impor radicalmente as suas ideologias e propostas à maioria e de quererem dominar e controlar as opções e comportamentos de todos. E levam avante as suas intentonas reinscrevendo a história, fazendo tábua rasa de tudo que já se viveu, construiu e aprendeu, reduzindo tudo a terra queimada, como se a caminhada histórica da humanidade até agora tivesse sido uma desastrosa errância e uma tonta alienação. Explorando a ignorância e a insegurança de um bom número de pessoas, vão conseguindo arrastar muitos para visões maniqueístas e drásticas dos problemas e das soluções.

Viver em democracia é não deixarmos que o radicalismo e o extremismo tomem conta da vida coletiva. O mal nunca está só de um lado e o bem nunca está só do outro. Ninguém é detentor da pureza absoluta em nada. As sociedades sempre souberam ter a sabedoria de afastar os extremismos e os fundamentalismos e fazer reinar a razoabilidade, a liberdade e a moderação, seja nos governos, seja na vida individual das pessoas. Cada um deve ser livre de pensar e viver como quer, no respeito pelos outros e pela comunidade, mas sem ter o direito de impor aos outros o que pensa.

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