Esteve entre nós, adquirindo importância e protagonismo nas celebrações do 49º aniversário da Revolução dos Cravos. O 25 de abril é uma data cheia de significado para nós portugueses, porém, de significado questionável para o povo do Brasil. A data deveria ter sido mais pensada, já que a visita se desejava de grande significado, por representar um regresso à normalidade de dois países que se dizem irmãos, com fortes laços de amizade e cooperação.
Escolher o dia em que a Assembleia da República já estava comprometida, com uma agenda que é habitual, e em que estavam envolvidas todas as formações partidárias, com discursos anunciados, (do mais pequeno ao maior dos partidos), para lembrar o golpe militar que pôs termo ao Estado Novo, em 25 de abril de 1974, não terá sido boa ideia.
A ideia foi do nosso Presidente, mas, o Presidente do Brasil a ela acabou por ficar ligado, gerando, no seu anúncio, um certo entusiasmo junto dos milhares de brasileiros que para aqui vieram trabalhar.
O planeamento do programa acabou por causar algum mal-estar, todos recordamos a dificuldade de encaixar o visitante de forma que pudesse visitar a Assembleia da República no dia 25, já reservada, nesse dia, para as celebrações da nossa revolução. Os brasileiros não devem ter gostado de que o seu Presidente estivesse a ser recebido a contragosto.
Por outro lado, para além das cerimónias de circunstância, praticamente não ficou nada de importante, como seria de esperar. Desconhecemos o conteúdo dos 13 acordos que foram assinados. A imprensa pouca importância deu a esse assunto, o que revela o pouco interesse das autoridades, o que se estranha, já que a última cimeira entre os dois países, se realizou há seis anos e meio, já com António Costa como primeiro-ministro de Portugal, mas ainda com Michel Temer, como Presidente do Brasil. Ora são estes entendimentos de cooperação que fortalecem a amizade dos países irmãos.
Mas, o que dificilmente alguém esperava, era assistir ao que se passou na receção de boas-vindas, na manhã do dia 25 de abril, em plena Assembleia da República. Um comportamento indesculpável dos partidos políticos com assento parlamentar, praticamente em toda a sessão. Um espetáculo, que entristeceu o Presidente do Parlamento, que também se excedeu nessa oportunidade, – embora com razão.
Resumindo: Uma visita que fica para a história, pelas piores razões, e que nada veio acrescentar ao muito que ambos os países se devem mutuamente.