Viveu vários anos em Moçambique, parte dos quais, dedicados ao ensino, enveredando depois pela atividade empresarial, setor onde granjeou grande notoriedade que o catapultou para a presidência do Grémio dos Industriais de Transportes de Automóveis Pesados daquela nossa antiga Província do Indico. Regressado a Portugal, desempenhou vários cargos públicos, de que destacamos, por exemplo, o de Deputado à Assembleia da República e o de Presidente da Administração Regional de Saúde de Vila Real.
Das poucas vezes que com ele convivi, pude constatar, de facto, que se tratava de um homem de qualidades invulgares, norteando a sua vida pela defesa da dignidade humana, a que aliava o seu feitio bonacheirão e cordial que o caraterizavam.
Recordo, com alguma alegria incontida, um episódio em que ambos participámos em novembro de 1973. Nesse longínquo ano, no dia de S. Martinho, que por coincidência calhou a um domingo, um pequeno grupo de amigos, três sportinguistas confessos e um indefetível adepto portista, constituído por mim, pelo sr. José Figueiredo e pelos saudosos António Varandas Real e Manuel Real Félix, mais conhecido por Manel Africano, decidiu ir assistir ao desafio de futebol entre o FC do Porto e o Sporting, disputado no velhinho Estádio das Antas, a contar para o campeonato nacional. No regresso, optamos por fazer uma pequena paragem em Amarante – num restaurante, muito conhecido, que agora me não vem à memória – para “compor o estomago”, como sói dizer-se. Por feliz coincidência o Professor Alexandre e mais alguns dos seus acompanhantes, vindos de algures, decidiram assentar arraiais naquele estabelecimento de restauração, sem despertar a nossa atenção. Acabámos por nos reencontrar e trocar dois dedos de conversa, após o que, cada um dos grupos, prosseguiu, o seu convívio gastronómico. Quando nos preparávamos para retomar a viagem de regresso a casa, e liquidar a despesa contraída, fomos agradavelmente surpreendidos pelo dono do restaurante, dizendo-nos que a conta tinha já sido paga pelo nosso estimado Professor e conterrâneo. Evidentemente, que este gesto simpático e inesperado, muito nos sensibilizou, não pela importância despendida, mas pela franqueza e significado do ato em si mesmo.
Importa salientar também a sua faceta em prol do bem comum. A Capela de Nossa Senhora do Loreto, imóvel classificado, foi adquirida, a expensas suas, para a ofertar à Junta de Freguesia, num gesto altruísta digno de registo.
Em abril de 2007, o saudoso Professor Alexandre Reigoto foi homenageado com um voto de pesar na AR, recolhendo a unanimidade de todas as bancadas parlamentares.