Acontece em várias situações. Também nos temas que respeitam à região, designadamente, às estratégias para o seu desenvolvimento.
Quando há anos se debatia a construção da barragem Foz Tua, muitas vozes se levantaram contra. Nem eram tanto as populações locais, ou os líderes autárquicos. Estes tomaram, porventura, a melhor decisão – manterem-se atentos. A linha do Tua que ficaria submersa era o motivo mais visível da contestação. Outros havia que consideravam inadmissível a “destruição” do vale e as consequências para a fauna e flora locais. Pessoalmente, também fiquei atento e procurei acompanhar o processo, recolhendo o máximo de informação. Acompanhara dois dos últimos desastres que se verificaram na linha que atravessava o vale, em automotora diesel naqueles dias, ou em comboio a carvão, anos antes e cujo silvo ecoava pelo vale. Li mesmo a Avaliação de Impacte Ambiental, então realizada.
Podem não crer, mas nesse tempo, a não ser a propósito dos descarrilamentos ou de alguns protestos, nada chamava a atenção para o vale do Tua ou das aldeias nele dispersas. O cuidado dos autarcas e o acompanhamento que o poder central foi fazendo foram capazes de retirar proveitos de algo que alguns, sobretudo, os citadinos, consideravam uma catástrofe. Com precisão, poder-se-á dizer que, dos problemas, surgiram oportunidades. Hoje, o vale do Tua é um destino turístico com significativa importância no destino mais alargado que o Douro é. Os produtos Turismo da Natureza, Turismo Cultural, Turismo Rural e Gastronomia e Vinhos, como Produtos Estratégicos Primários do Douro, ganharam ali relevo muito significativo e são pretexto para a vinda de novos públicos à região. O Parque Natural do Vale do Douro afirmou-se e constituiu-se como fator de , fazendo mexer a economia, designadamente, em algumas aldeias. Os percursos pedestres, os miradouros, o trabalho preparatório para a observação de aves e de astros, tudo isto acompanhado pelo esforço de micro e pequenas empresas na valorização do destino, de um modo especial, no alojamento e na restauração distinguem-se. Lamenta-se que a valorização da componente náutica não acompanhe esse esforço. Vêm até nós turistas com barcos de recreio e não podem fruir o vale do Tua. O projeto barco-comboio até Mirandela desapareceu. Porquê? O vale do Tua merece mesmo mais atenção.