Como por cá se dizia noutros tempos, pareciam cabritos a saltar as fragas. Catorze/ quinze anos, o muito. Dois rapazes e uma rapariga. Um deles estancou frente à caixa técnica com os contadores da água e da luz. Será que nunca viu tal coisa? Ou terá gostado da cor discreta da tinta que o arquiteto achou por bem mandar aplicar. E logo seguiu com os outros. Da minha janela fui observando aqueles jovens. A quem pertenceriam?… Logo ali, na esquina da casa, viraram à direita. Ah, exclamei. Vão para o campo de futsal, ali, junto à Casa da Cultura, que noutros tempos, com engenho e arte, a que não faltou a ajuda dos seus avós e de outros que agora vamos amparando o caruncho que foi surgindo, levantámos, com a colaboração de todos, traduzida em dias de trabalho, pinheiros para as escoras, ou donativos em dinheiro para pagar os sacos de cimento, os blocos e os m3 de areia.
Perguntei à minha mulher quem seriam. Pela pinta, o da frente, é neto do M… (lá disse o nome, que aqui omito, se me permitem); a menina pertence à filha da…; o outro – o que ficou a olhar algo espantado para a porta da caixa técnica – não sei a quem pertencerá. Aí, os meus botões sugeriram-me que talvez fosse um colega que veio lá da terra de França, onde vivem os pais e para onde saíram os avós nos anos 70/80 do século passado, onde criaram outras raízes, fruto da escola que frequentam, da rua onde vivem, e que ali fizeram as suas amizades. Tal como os pais, certamente, ali estabelecerão outros relacionamentos que os/as levará a constituir família. Depois, virão os/as bisnetos/as e, tal como eles e os pais, por ali ficarão. Sabe-se lá se ainda sentirão vontade de vir à terra dos bisavós, como os avós sentiram necessidade de vir às raízes, pelo menos, uma vez, pelo verão, na Festa? Nunca falhei, ouve-se por aí. Só com o vírus é que no ano passado não viemos. E repetia, como que reforçando a ideia – “nunca falhei”.
Pois é. Da minha janela, ali pelos meados de agosto, aconteceu na minha, na nossa – porque também foi dos seus pais – rua, pois ali jogámos ao Malhousse e ao Tiroliro, à Xôna e ao Pirogalo. Jovens que este ano vieram à terra… dos avós. Não houve festa. Mas agosto é o seu mês. Por isso, a aldeia voltou a ter vida. Com regressos imperfeitos.