Das muitas pesquisas e muitas conversas com amigos, das muitas noites deitado e desperto nas memórias da Banda de Mateus, nas festas e romarias, nasceu este livro. E, vagueando no meu imaginário, reavivaram-se nomes sagrados que assim, se perpetuarão no tempo. Este livro, é um documento humano que mergulha nas raízes populares de Trás-os-Montes e Alto Douro. É também um testemunho da força interior de muitas pessoas, sobretudo de Mateus, que não pouparam esforços para que a banda permanecesse, ao longo de mais de duzentos anos, com a vitalidade e a dinâmica que tantos lhe reconhecem.
“Palcos e Caminhos “é um conjunto de narrativas breves, crónicas com um sopro de imaginação, mas enraizadas em factos reais.
As crónicas insertas no livro são humildes e despretensiosas. Há relatos que despertam emoções, certezas e contradições, lembranças que podem até fazer-nos chorar. Porque a vida de muitos músicos de antigamente era penosa, marcada por dificuldades económicas, misérias e a exposição ao ridículo da condição humana. Para alguns, tocar um instrumento era mais do que uma profissão – era um lenitivo para os males do corpo e sofrimento da alma… para outros, quase um único alimento.
Tratando-se de uma obra de fundo popular, que aborda aspetos da vida comunitária das gentes do povo de Mateus e do seu amor pela sua banda filarmónica, este livro é uma representação viva e verdadeira de uma freguesia cuja importância é reconhecida pela cidade de Vila Real e por toda a região, onde a música continua a alegrar e dar vida às festas e romarias e proporcionar mais fé aos peregrinos de Cristo no toque solene das procissões e das missas cantadas.
Hoje, olhando para trás, sei que a música foi, mais do que qualquer outra coisa, a minha bússola. Ela guiou-me nos momentos mais difíceis e deu-me força para seguir em frente.
Ainda hoje, ao recordar arraiais, sinto uma doce saudade, uma espiritual nostalgia – lembranças que não se apagam.
Ao povo de Mateus, o meu eterno obrigado. À Junta de Freguesia, o meu sentido agradecimento. Às professoras Maria Pires e Fátima Ribeiro, o testemunho de uma gratidão sem limites, e à Dra. Mara Minhava, a minha gratidão pelo seu apoio. Este livro também lhes pertence.
Onde há música, floresce a alegria, e renasce a vontade de fazer e viver, e de partilhar com os outros a imensidão da alma que canta e que chora, porque a arte das liras é a linguagem universal: fala ao coração, dá asas à mente, voo à imaginação e liberdade do pensamento.
Este livro, é afinal, o testemunho de um povo que permanecerá vivo na lembrança de memórias que também a mim me fascinaram.





