Parece um número muito elevado, tendo em conta que Portugal está com índices de nascimento extremamente baixos, o que significa que a população está a diminuir, situação que se verifica desde há pelo menos uma década a esta parte.
Sendo o nosso país tradicionalmente considerado um país de grande emigração – recordem-se os anos 60 a 80 do século passado – diríamos que Portugal regista as tendências que as nossas gentes sempre tiveram, em procurar no exterior aquilo que não conseguiram obter nas terras onde nasceram. Foi assim que “demos novos mundo, ao mundo” como referia Camões já no século XVI, quando as caravelas partiam cheias de gente e regressavam carregadas de especiarias e outras vitualhas. Não há, pois, que estranhar muito que a saída de pessoas para o estrangeiro continue em níveis elevados.
O que preocupa hoje na emigração, é a saída de cérebros. A chamada fuga de cérebros assusta há décadas e tem que ver com esta ideia: quando as pessoas qualificadas de um país saem, a classe política fica depauperada, perde-se capacidade de gestão do Estado. Quem diz no Estado, diz no setor privado, conforme palavras de Cátia Batista, Diretora Científica do Centro de Investigação NOVAFRICA.
Porém, o que realmente vemos hoje em dia é um fenómeno de circulação de cérebros. Há pessoas qualificadas que saem e que regressam em geral poucos anos depois, e há sobretudo pessoas que vêm de fora, estrangeiros altamente qualificados que entram no país, trazem experiências diferentes.
Por outro lado, há investimento estrangeiro e comércio internacional que se fazem através dos emigrantes, como facilmente se depreende, que estando fora do país fazem depois comércio com os residentes que ficaram.
Falar de emigração, não faz sentido sem o outro fenómeno contrário: o da imigração. Ocorre-nos lembrar o número de brasileiros que atualmente procuram o nosso país, para aqui permanecerem. Como é evidente, é a língua portuguesa, o maior elo de ligação. Por outro lado, os usos e costumes, que carregam, facilitam também a sua integração.
Resumindo, diríamos que, se outrora, emigrar representava uma aventura, penalizante até em termos culturais, hoje bem podemos dizer que há um ganho de cérebros: informáticos, investigadores, engenheiros, médicos e outros especialistas, o mundo parece cada vez mais pequeno para os cidadãos do mundo, que somos cada um de nós.