Sábado, 12 de Julho de 2025
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Um Papa à medida

Possivelmente, quando muitos ouvem dizer que é o Espírito Santo que preside à vida da Igreja e a vai orientando segundo os desígnios de Deus, não deixam de ceder à irrisão e até de caçoar das cândidas crenças dos crentes.

Ainda me lembro da afirmação do médico legista José Eduardo Pinto da Costa, irmão de Pinto da Costa, falecido Presidente do FCP, num programa de televisão, enquanto afagava a sua farfalhuda barba: “Dizem que o Espírito Santo nos habita, mas já fiz centenas de autópsias e nunca vi o Espírito Santo em lado nenhum”. Claro que não viu nem podia ver.

Estamos a falar de realidades muito diferentes. Para muitos, a Igreja é uma instituição como as outras, onde não faltam ambições, jogos de poder, jogadas de bastidores e confrontos de fações. Pode até ter isso, porque é feita de homens e mulheres, mas é muito mais do que isso. A Igreja, de facto, não é uma instituição como as outras. É humana e divina, e quem a conduz e vivifica é o Espírito Santo.

Como crente, acredito profundamente que o novo Papa é um dom do Espírito Santo à Igreja. Reparemos como o novo Papa é o somatório de muitos sinais: é filho de emigrantes europeus, nasceu nos Estados Unidos da América, tem formação em matemática, filosofia e direito canónico, três mundos do saber muito diferentes, foi missionário, é um homem do terreno, conhece as periferias da Igreja, foi arcebispo no Peru, foi superior geral da Ordem de S. Agostinho, Ordem que fundou a interioridade, e ultimamente era o Prefeito do Dicastério para os Bispos e Presidente da Comissão Pontifícia para a América Latina, no Vaticano. Foi professor e administrador. É inquestionável que foi uma boa escolha, onde não falta um sólido substrato humano, missionário, espiritual, académico, social e eclesial.

Poucas figuras na Igreja conseguem ter esta harmonia e conjugar estes predicados.

Parece ser um Papa da continuidade, mas saberá encontrar o seu caminho e a sua singularidade. Escolheu o nome Leão XIV, no seguimento de Leão XIII, Papa que fundou a Doutrina Social da Igreja, com a publicação da Encíclica Rerum Novarum (Das Coisas Novas). Até agora prima pela serenidade e simplicidade. Novas questões políticas, humanas e sociais se levantam: encontrar soluções para a paz, enfrentar a secularização crescente na Europa, solidificar a sinodalidade na Igreja, dar resposta aos desafios da nova revolução industrial em marcha, e até enfrentar o populismo e o extremismo, são alguns dos desafios do seu pontificado.

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