Terça-feira, 25 de Março de 2025
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

A realidade é outra

Nem sempre os eleitos se dão conta que vivem desfasados da realidade, que é bem diferente da bolha em que se deixam envolver.

Não se apercebem, muitas vezes, que os problemas das pessoas, os problemas reais, são muito diferentes das grandes ”questões” em que se envolvem, ou, em que, por inépcia, por incapacidade, ou por outras razões, se deixam envolver.

Por estes dias, pessoa muito próxima viveu um momento em que precisou de recorrer ao Serviço Nacional de Saúde. A situação exigia consulta de especialidade, por isso, fez questão de dar os passos que a Ministra da Saúde aconselha/exige. Recorreu, assim, à linha SNS24 e discou 808242424. Só que… Bem! Do outro lado, ninguém atendeu. A primeira vez, 20 minutos; a segunda, um pouco menos. Desistiu. Como o problema exigia rapidez, recorreu a uma unidade privada.

Entretanto, na sede do poder central da República que se passa? Discute-se uma Moção de Censura ao Governo, a segunda, em menos de uma semana. O Primeiro-Ministro (PM) deixou-se enlear por uma situação pessoal dificilmente imaginável. Reprovável, em termos éticos; também, segundo alguns juristas e especialistas em direito constitucional, em termos legais. E para sair do imbróglio dispara para uma situação que pode desembocar em mais um ato eleitoral.

Quando escrevo, não posso antever o desfecho, mas já poderei afirmar que estes dias de debate, esta possível paragem para pensar e votar, mais uma vez, um ano após as últimas eleições, que o Presidente da República não quis evitar, se tornarão em momentos que adiam por mais uns tempos a resolução de graves problemas que dizem respeito às pessoas. Basta ler alguns dos bons colunistas para nos darmos conta que a vida não se resume a moções de censura, ou de confiança. É muito mais que isso. Dossiês como os que lembro acima são fundamentais para o nosso bem-estar. Outros, como o da segurança europeia, para nós que “fizemos” uma guerra, para os nossos pais, que viveram outra, são também muito importantes. Ficam adiados. Há até quem não esconda na sua análise que o atual PM ambiciona fazer repetir o que se passou em 1987, perseguindo uma maioria absoluta, imputando culpa a quem a não tem, para que o cenário se torne possível.

O Governo e o Parlamento passam os dias a discutir assuntos importantes, com certeza, mas que não resolvem os problemas das pessoas. A falta de médicos e enfermeiros em alguns hospitais; a falta de professores em algumas escolas, são só alguns. Mas a pessoa que refiro acima esteve 20 minutos à espera de que atendessem o telefone. O que não aconteceu, nem à primeira, nem à segunda.

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