O carrasco ao serviço de Estaline” de José Milhazes e “Quem Meteu a Mão na Caixa” de Helena Garrido merecem, pela sua importância, algumas referências.
José Milhazes, que viveu na União Soviética cerca de 30 anos, investigou, com base em documentos oficiais e em testemunhos de familiares das vítimas, a vida de Béria e da feroz ditadura de Estaline e permite-nos, através deste seu livro, ficarmos com uma ideia do que foram e são os regimes comunistas. Lavrenti Béria foi um destacado dirigente soviético nos anos 30 e 40 cuja atividade mais relevante foi a de responsável pela segurança do Estado exercendo as suas funções como chefe máximo da polícia (NKVD, KGB). É sabido que estas duas décadas foram as mais trágicas da repressão estalinista, com milhões de cidadãos soviéticos presos, deportados e assassinados. Calcula-se que foram mortos e/ou desapareceram mais de vinte milhões de soviéticos, a enorme maioria condenados sem culpa formada e sem julgamento. Os que se salvaram da condenação à morte foram enviados para campos de concentração na Sibéria, os tristemente célebres Goulags, onde a enorme maioria foi forçada a viver (?) em condições absolutamente desumanas e miseráveis, com, por exemplo, temperaturas de 40º e 50º negativos, acabando por morrer. O principal responsável por esta enorme tragédia humana foi o ditador Estaline, tendo como homem de mão, Béria. Este, graças ao sinistro currículo obtido com a sua despótica ação, atingiu os mais altos cargos na hierarquia soviética e por isso, após a morte de Estaline, em 1953, teve pretensões a ocupar o lugar do ditador, mas os seus “camaradas” da cúpula comunista, chefiados por Krustchov, condenaram-no à morte e ordenaram a sua execução. O carrasco, General Batitzki, recordou com estas palavras o sinistro momento: “Levámos Béria para uma cave onde sob um grande mau cheiro por se ter borrado todo, o matei com um tiro como se mata um cão”. Este livro de José Milhazes retrata, com base em factos verídicos, alguns aspetos de uma das mais violentas ditaduras da história e arrasa, por completo, o mito do comunismo.
Helena Garrido (HG) é economista e uma conhecida jornalista especializada em temas económico-financeiros. O seu livro “Quem Meteu a Mão na Caixa” é a história da delapidação da Caixa Geral de Depósitos (CGD), nos últimos anos, que a levou à ruína, e cuja salvação se está a fazer, como no caso de outros bancos, à custa dos nossos impostos. Os empréstimos de milhões, imprudentemente, concedidos pelos responsáveis do banco público e os negócios ruinosos em que meteram a CGD, vêm neste livro de HG devidamente descritos graças à cuidadosa investigação da jornalista. Lá, está tudo com datas e nomes: dos gestores/administradores (?) que não defenderam a caixa, dos negociantes que encheram os bolsos, dos “artistas” beneficiários dos empréstimos que nos roubaram a todos nós e das luvas que todos receberam. Os principais negócios ruinosos ocorreram durante o governo de José Sócrates, com envolvimento dos Ministros da Economia, Manuel Pinho e das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, sendo a administração da CGD: Carlos Santos Ferreira, António Maldonado Gonelha, Francisco Bandeira, Armando Vara e Celeste Cardona. Como refere HG: “…os créditos ruinosos começaram em 2007. Por causa, disso a Caixa já deu como perdidos quase seis mil milhões de euros do crédito que concedeu. Dinheiro que não vai ser pago pelos devedores.” Os principais negócios em que a Caixa perdeu mais dinheiro foram: o da fábrica Artlant (da catalã La Seda) em Sines, o de Vale de Lobo e o da Cimpor. O projeto megalómano da fábrica de Sines, teve o patrocínio de José Sócrates e de Manuel Pinho e contou com, entre outros, o empresário Manuel Matos Gil. O de Vale de Lobo teve como principais responsáveis Armando Vara, Diogo Gaspar Ferreira, Rui Horta e Costa, Hélder Bataglia, Luís Horta e Costa e Pedro Ferreira Neto, estes últimos integravam o Grupo Espírito Santo, através da Escom. Há também que referir os empréstimos a Joe Berardo de cerca de 400 milhões de euros para este comprar ações do BCP!!! Este conjunto de operações ruinosas da Caixa, que delapidou o Estado português, configura um verdadeiro roubo como HG demonstra no seu livro. Não é difícil de acreditar que com tantos milhões em jogo houve muitos que se encheram! O sentimento de revolta que nos invade, é não só pelos milhões que foram subtraídos aos portugueses, mas igualmente pela impunidade de toda esta gente, já que ainda ninguém foi preso e nem sequer responsabilizado!