Quarta-feira, 9 de Outubro de 2024
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Armando Moreira
Armando Moreira
| MIRADOURO | Ex-presidente da Câmara Municipal de Vila Real. Colunista n'A Voz de Trás-os-Montes

Miradouro – Turismo no Algarve

De todas as regiões do país, aquela em que mais se fazem ouvir as queixas relativas aos efeitos que a situação pandémica está a causar na economia local, é certamente o Algarve.

Porque, tanto quanto se pode quantificar, os confinamentos sucessivos e a liberdade de circulação não permitem, nem aconselham a repetição dos hábitos de uma situação de normalidade. E o que se diz para o Algarve, serve para todo o país, o que levou a que um colunista do Expresso tenha titulado “Malvado Turismo”, justificando: que o turismo é hoje a nossa maior exportação. Quando em 2020 o setor do turismo foi mais afetado que os outros, pela pandemia, a riqueza que ele produz caiu mais de metade. Portugal teve das maiores quebras económicas nesse ano.

Porém, a questão relevante que se pode colocar é esta: como seria Portugal se tivéssemos menos turistas? Talvez a alternativa ao turismo fosse… nada.

Isto é particularmente evidente aqui, na região algarvia, de onde vos escrevo. Quem a percorre, de lés a lés, pelo interior, percebe que o setor da agricultura desapareceu quase por completo. De onde em onde, pequenos laranjais, algumas oliveiras, muito maltratadas e chaparral no meio de matos e silvados. As respostas que se vão obtendo dos locais, quando nos atrevemos a indagar das causas, são repetitivas: – No Algarve chove pouco e as reservas de água são muito escassas.

O que significa que a agricultura deixou de ser um setor interessante e viável. Referência para algumas novas explorações de agricultura intensiva, de caráter empresarial, para produtos inovadores, aproveitando os mananciais de água represada, mas que não são regra na região. Já seria assim há cinquenta anos, porque os algarvios emigravam para a França, Alemanha e E.U.A, tal como as populações do interior norte e beiras.
Acreditamos que esta epidemia foi vencida, pelo que, no imediato, tal como no Algarve, vamos viver fundamentalmente das receitas do turismo.

Mas, no turismo há novas oportunidades. Se, como alguns preveem, a normalização do trabalho à distância se concretizar, surgirá um novo mercado de turismo de longa duração, com visitas de meses, que exigirão melhores condições das habitações e ligações digitais rápidas e fiáveis.

O Algarve pode sonhar em continuar a viver essencialmente do turismo, aproveitando estas receitas para se robustecer economicamente, se diversificar a sua economia em setores como o da agricultura, silvicultura e pecuária.
Têm aqui um grande papel as autoridades locais, no incentivar desta diversificação.

Aproveitem-na.

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