Na minha modesta opinião, uma celebração estulta e fútil, que tem um claro fim comercial e consumista, em detrimento da beleza e dos valores das festas cristãs, como é a celebração de todos os santos e a oração e comunhão espiritual com os fiéis defuntos, que devemos sempre homenagear e honrar. Em muitas paróquias, contaram-se pelos dedos as crianças e jovens que visitaram os cemitérios e participaram nas missas de sufrágio pelos fiéis defuntos. Contudo, na noite anterior, pudemos assistir a inúmeras publicações nas redes sociais de muitas crianças e jovens, e também adultos, a participarem em celebrações do Halloween até altas horas da noite, alguns jovens até foram parar às urgências dos hospitais.
Para muitas famílias, é mais importante entreter os filhos com fantochadas do que refletir e propor o ideal da santidade, é mais importante dedicar o tempo a besuntar a cara para se aparecer e exibir nas redes sociais, o narcisismo reinante assim o exige, do que rezar pelos falecidos e celebrar a fé e a esperança na Igreja, é mais importante a diversão frívola, ainda por cima de muito mau gosto, do que refletir o que humaniza, realiza, eleva e aperfeiçoa o ser humano. Enfim, o admirável mundo da superficialidade, em que conta mais a estroinice, a fantochada, o pagode, a troça e a ficção, que não exige pensar e amadurecer, do que aquilo que dá beleza, grandeza e profundidade à vida. Tenho-me lembrado de Erasmo de Roterdão, teólogo e um humanista holandês que viveu nos séculos 15 e 16, que diz no seu livro Elogio da Loucura: «O ânimo do homem é de tal maneira esculpido que muito mais lhe agrada a ficção, do que a verdade. Experimentai. Ide ao templo ouvir o pregador. Se este narra coisas sérias, bocejam ou dormitam de aborrecimento. Mas se o declamador (desculpai o lapso, queria dizer o pregador) procedendo como quase sempre, entra no exórdio por uma fábula, todos despertam e prestam ouvidos». Estranho mundo este em que vivemos, em que as fábulas merecem mais atenção do que os valores sagrados e importantes da vida.
Não sou contra a diversão, mas hoje há diversão a mais, e muita é tonta, sendo notória uma profunda imaturidade e uma infantilização prolongada. Parece-me que têm razão os que dizem que assistimos a um processo de estupidificação em curso.