Quinta-feira, 18 de Abril de 2024
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O ensino universitário de medicina. O hospital-escola

Johns Hopkins, banqueiro americano de Baltimore do final do século XIX, resolveu doar à sua cidade, em 1876, um hospital que, segundo os termos da doação, deveria ter uma tripla missão: assistência (tratar doentes), educação (formar médicos, especialistas e cidadãos) e investigação (contribuir para o progresso e a inovação da ciência médica).

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Após a sua fundação, o Hospital Universitário Johns Hopkins tornou-se uma referência mundial no tratamento de doentes e das doenças, graças aos seus avanços científicos e tecnológicos e tem-se distinguido na investigação médica e clínica com várias descobertas a nível do diagnóstico e do tratamento. Tem cumprido bem a sua missão.

O que se pretende dos hospitais ligados a universidades e ao ensino da medicina, e dos seus profissionais, é que possam adquirir esta tripla condição de cuidadores, de formadores e de investigadores. É evidente que tudo é relativo e deve ser adaptado ao nosso meio e às nossas condições, os hospitais-escola não nascem de um dia para o outro, mas também sabemos que, se não houver ambição e vontade de progredir, nunca sairemos da rotina que acaba por nos desmotivar e até estupidificar.

Integrados numa Universidade, temos outras obrigações e outras perspetivas desde logo porque uma das principais missões da Universidade é ensinar os seus membros a pensar, pô-los a pensar, obrigá-los a pensar. Além disso, a Universidade deve proporcionar aos seus alunos uma formação cultural adequada que conduza ao aumento da capacidade mental – necessitamos de homens cultos e não apenas de especialistas.

Ao recordar o meu percurso como médico e professor universitário, devo dizer que me realizei plenamente no exercício de ambas as atividades. Foi um privilégio ter exercido a docência e ajudar a formar novos médicos, e ao mesmo tempo dedicar-me à investigação a que me entreguei com grande entusiasmo. Orgulho-me de ter sido o primeiro português a apresentar um trabalho de investigação clínica no Congresso Americano de Transplantação, em 2002.

O ensino da medicina deve preparar o médico para uma atividade que envolve duas pessoas: o clínico e o doente. O médico deve estar bem preparado cientificamente, mas nunca pode ignorar a arte médica que deve privilegiar o humanismo, o afeto e a empatia.

Celestino da Costa, prestigiado Professor de Medicina de Lisboa, definiu esta nobre profissão médica da seguinte forma: “a medicina é uma profissão sui generis de muitas vertentes: é humanística como origem; é humanitária como ação; é científica como formação; é biológica como matéria; é de tipo superior como educação; é profissional como atividade; é solidária como vocação; é ética como conduta, e é altruísta nos seus desígnios”.

Com base nestes princípios compreende-se que não basta ao futuro médico aprender medicina é necessário que o aluno de medicina leia muito, se cultive, para saber falar com o doente e o entenda. Como nos ensinou Sir William Osler, um dos pais da Medicina: “Antes de conhecer a doença que o homem tem, o médico deve conhecer o homem que tem a doença”.

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