As máfias que abjetamente conduzem estas atividades infames estão muito à frente da fiscalização, e que fenómenos como este estão a acontecer a toda a hora, o que certamente deve merecer das autoridades, instituições e cidadãos uma atenção redobrada, para se denunciar e combater este tipo de fenómenos inadmissíveis no respeito pela dignidade humana, e que envergonham qualquer comunidade ou país.
Aliás, pareceu-me que a atuação das autoridades estatais foi mais show off, para não ficar mal na fotografia, calar a opinião pública e dar a entender que estão atentas e determinadas em debelar o problema e até salvar a pele do Estado, uma operação demagógica de cosmética mediática, mas rapidamente saíram de cena e a situação continuou a medrar, senão mesmo a agravar-se diante das barbas das autoridades portuguesas e de alguma indiferença geral. Prendem-se algumas pessoas e dá-se a entender aos famintos telespectadores que o problema ficou resolvido, mas não ficou. É uma forma de atuação que o Estado tem tido em muitas situações. Poderemos argumentar que o Estado também tem falta de meios, mas o argumento não é convincente, parece-me é que é preciso mais ação e vigilância, trabalhar melhor.
As imagens que nos entram pelos olhos dentro são indignas e repugnantes: um grande número de pessoas estrangeiras a viverem num pequeno cubículo, no meio de grande desordem e imundice, são usadas casas sem qualquer condição de habitabilidade, até pardieiros são usados, que mal servem para ser cortes de animais. Pelo meio, sabemos que muitas destas pessoas estão na mão de capatazes das máfias, que se apoderam da sua documentação e sugam grande parte do ordenado, tratando-se claramente de escravatura humana, neste século XXI em que vivemos.
A Igreja, quer pelo clero, quer pelas suas instituições, desde a primeira hora que denunciou a desumanidade e os graves atropelos que estavam a acontecer, quer nas condições de habitação, assim como na agricultura intensiva, que está implementada nesta região do país, com alguns efeitos preocupantes. Espera-se que a sociedade portuguesa, de norte a sul do país, se una sem contemplações nem hesitações contra este flagelo da exploração laboral e do tráfico de pessoas. Um ser humano não nasce para ser escravo e tem direito ao seu salário e à sua liberdade.