O aumento da esperança média de vida, ao mesmo tempo que os índices de natalidade reduzem, conduz inevitavelmente ao envelhecimento da população e ao aumento do peso colocado sobre a população ativa, o que tende a refletir-se em mais impostos e uma maior incerteza no futuro.
Este desafio é transversal aos países desenvolvidos, mas Portugal é um dos que sente de forma mais acentuada. Portugal é, atualmente, o 6.º país da OCDE (entre 38 países) com maior rácio de dependência dos idosos, ou seja, com mais idosos por cada 100 pessoas em idade ativa. Há 39 pessoas com 65 ou mais anos de idade por cada 100 pessoas entre os 20 e os 64 anos de idade. O Japão surge na primeira posição (55 idosos por cada 100 pessoas em idade ativa), seguindo-se a Finlândia (42) e a Itália (41).
Esta realidade demográfica já nos coloca grandes desafios em termos de sustentabilidade da Segurança Social e do próprio Estado Social, mas tenderá a agravar-se ainda mais. De acordo com estimativas da OCDE, em 2075 haverá 78 idosos por cada 100 pessoas em idade ativa em Portugal. O nosso país será apenas superado pela Coreia do Sul (79). Isto representa a duplicação do peso sobre a população ativa em pouco mais de 50 anos.
Já não é a primeira vez que abordamos este tema n’Os Factos Vistos à Lupa, mas vale a pena relembrá-lo, agora com novos números, numa fase em que se discutem programas eleitorais e o futuro do país. O futuro depende sobretudo das decisões tomadas no presente. Empurrar este tema só serve para sobrecarregar (ainda mais) as gerações futuras para resolverem um problema que nós no presente fomos incapazes de solucionar.