Sábado, 24 de Maio de 2025
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Que dizer da Ressurreição?

Vivemos num tempo em que a técnica e a ciência, e sua doença que é o cientismo, estão no seu esplendor, e em que as grandes perguntas da vida foram metidas na gaveta do dia seguinte.

Pergunto-me como é que os homens e mulheres de hoje acolherão o acontecimento da ressurreição de Jesus. De quando em vez são publicadas sondagens ou estudos, que nos deixam surpreendidos: uma boa parte de “cristãos” não acredita na filiação divina de Jesus e uma boa percentagem não acredita na ressurreição. Como é que isto é possível, se são as verdades que fundaram o Cristianismo?

Jesus ressuscitou, venceu a morte, voltou à vida, entrou noutro estádio de existência, isso é inquestionável. Contudo, a ressurreição de Jesus é um acontecimento transcendente, mas é “captável” pela fé. O teólogo Joseph Moingt alerta desde logo que “não é mediante uma evidência puramente sensível, visual, táctil que nasce a sua fé em Jesus ressuscitado”.

E a ressurreição “também não é um cadáver que anda pelo mundo e possui o dom da ubiquidade! Paulo falará de um «corpo espiritual». Por mim, prefiro dizer: os apóstolos tiveram inegavelmente a experiência de que ele estava vivo, lhes falava e podiam falar com ele. Jesus faz-se reconhecer pelos seus discípulos e torna conhecida a sua ressurreição dizendo-se a eles e dentro deles.” “Estamos no mistério de uma outra realidade, de uma outra dimensão, que não se situa fora do nosso tempo ou do nosso corpo, mas que também não se acha ao mesmo nível que o nosso tempo ou o nosso corpo. A ressurreição de Jesus é, de algum modo, a eternidade a entrar no tempo, ou o tempo a ascender à dimensão da eternidade.”

O Papa Bento XVI escreve assim no seu livro Jesus de Nazaré, parte II: “Essencial é o dado de que, com a ressurreição de Jesus, não foi revitalizado um indivíduo qualquer morto num determinado momento, mas se verificou um salto ontológico que toca o ser enquanto tal, foi inaugurada uma dimensão que nos interessa a todos e que criou, para todos nós, um novo âmbito da vida: o estar com Deus. A ressurreição descerra o espaço novo que abre a história para além de si mesma e cria o definitivo. É preciso não esquecer que ela não está simplesmente fora ou acima da história. A ressurreição de Jesus ultrapassa a história, mas deixou o seu rasto na história.”

O domingo passado deixou-nos a grande lição de como “experimentarmos” a ressurreição de Jesus: no encontro da comunidade cristã. Este é o lugar privilegiado para se “ver” o Senhor.

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