Pedro Nuno Santos, no momento de reflexão sobre os resultados eleitorais, agiu com grande dignidade e clarividência. O que parece começar a rarear. Mas a reflexão tem limites, não pode paralisar a atividade partidária. Aliás, o combate pela democracia, pelos direitos humanos e pela dignidade do exercício de funções públicas não pode parar ou, sequer, permanecer em lume brando.
O Partido Socialista neste confronto eleitoral não alcançou os seus objetivos. No país, como no distrito. Mas nem por isso deixa de ter um importante papel no quadro político institucional do país e da região, quer como segundo partido mais votado, quer como partido com forte representação, e responsabilidade, nas autarquias – municípios e freguesias. Afinal, 1985 e 1987, neste ano com 27 639 – 20,34%, algo de semelhante se passara e foi possível construir um futuro diferente. Logo em 1991, com um sinal muito positivo, recuperando o segundo mandato. E o combate parlamentar pela região reestruturou-se e recomeçou.
Por que trazer a este Visto o tema em epígrafe? Antes de mais, porque os resultados de 18 de maio confirmam uma tendência que vinha a acentuar-se em Portugal com a subida sistemática da extrema-direita. Aliás, em consonância com um outro Visto do Marão, de 31 de outubro do ano passado. Aí, sugeri até a leitura do livro de Vicente Valentim “O Fim da Vergonha – como a direita radical se normalizou”. E vale a pena. Para melhor compreender o fenómeno e para não se afirmarem “ex-cathedra” certas aleivosias. Também porque considero que têm razão Pacheco Pereira e Miguel Sousa Tavares quando convidam ao combate político em nome da democracia. Pacheco Pereira, conhecemo-lo como colunista e membro de painéis na rádio e televisão. Mas ele é, essencialmente, um Historiador. Na sua análise, parte, naturalmente, de factos e analisa documentos para elaborar o seu pensamento sobre os fenómenos. Ele tem, decerto, fortes razões para afirmar que “há quem move os cordelinhos, que sabe como manipular um mundo de fragilidades, de solidão, de ignorância, convencido de que é “moderno”. Há gente que ajuda o que está a acontecer, que ganha com o que está a acontecer, por isso pode e deve ser combatida em nome da democracia.”