As redes sociais suprem a falta de algum tempo para acompanhar o canal Parlamento (ARTV). E no que se encontra em debate, não passaram despercebidos os temas da Linha do Douro e da recente proposta de uma nova linha de caminho de ferro, esta de alta velocidade a ligar o aeroporto Francisco Sá Carneiro a Bragança, integrando depois a rede espanhola para Madrid e para a restante Europa.
Merece realce o facto desta problemática estar a ser liderada por instituições da sociedade civil, que têm desenvolvido um muito significativo esforço para fazer valer os argumentos que todos veem, mas que alguns não querem ver. Não porque tenham dificuldade de compreensão. De modo nenhum. Pessoas inteligentes, com visão estratégica para os problemas do país compreendem muito bem os argumentos dos que, da província, ousam dirigir-se à capital com propostas bem estruturadas e fundamentadas. Afinal, muito simplesmente respondem ao convite/desafio de exercitar o seu dever de cidadania. Não só no momento eleitoral, mas em cada momento, partilhando preocupações, chamando a tratar dos dossiês pessoas que “sabem da poda” para depois apresentar soluções aos responsáveis pela governação.
O que nos falta para que não haja uma resposta como a que constitui a epígrafe deste Visto? Aliás, na citação completa – «a Linha do Douro “um dia” estará totalmente aberta e “há outras prioridades”». Argumentos não faltam. Hoje, como ontem, cruzam-se interesses de cariz económico e social das gentes do Porto e de Trás-os-Montes e Alto Douro para a sua construção ou revitalização. O comboio mudou muito no Douro. E não só o transporte dos vinhos. O destino turístico que o Douro também é aconselharia a ver as propostas de hoje, pelo menos, como o que foi a vontade da burguesia portuense e dos produtores de vinho do Douro na segunda metade do séc. XIX. E se não temos um Ministro das Infraestruturas natural da região temos que saber inventar uma forma de levar a água ao nosso moinho. Se no Douro já não os há, porque as barragens os substituíram, teremos que ir moer a outros porque urge cozer o pão. Este é o ano do 150º aniversário da decisão de a construir. A oposição tem um papel no parlamento. Os Deputados que apoiam o governo têm outro. Saber articular os vários papéis é uma arte. A região merece-o.