Terça-feira, 10 de Dezembro de 2024
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António Martinho
António Martinho
VISTO DO MARÃO | Ex-Governador Civil, Ex-Deputado, Presidente da Assembleia da Freguesia de Vila Real

Um peso orçamental

As sessões parlamentares, quando as maiorias que sustentam os governos não perfazem o número de 116 deputados, por isso se dizem relativas, proporcionam momentos importantes das democracias parlamentares, os sistemas em que, essencialmente, os governos respondem perante os parlamentos.

No quadro constitucional português, mesmo que semipresidencialista, também assim acontece. Recordo momentos desses, na década de noventa, o que obrigava a um processo negocial. Estranha-se, pois, certas afirmações, agora proferidas por membros da maioria, governo ou grupos parlamentares, nestes dias de debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2025. No caso, trata-se de um peso negocial que alguns não querem assumir.

O “peso”, em epígrafe, tem a ver com as resistências do governo em aceitar um determinado aumento percentual, racional e enquadrável na despesa pública, para as reformas até mil e quinhentos euros. Já no Visto do Marão nº CCXLII fizemos referência a este ponto negativo da proposta de OE para 2025. Como, decerto, muitos outros, tive a expetativa que o problema fosse analisado e o governo se deixasse de promessas de aumento no meio do ano, que sempre deixa transparecer um certo eleitoralismo, e aceitasse a proposta do PS de aumento de 1,25%. Mantém-se a ideia de que há quem não goste mesmo nada dos que já atingiram a idade que já foi apelidada de “peste grisalha”. O que isso traduz é mesmo uma falta de respeito por quem trabalhou uma vida inteira e, por que não o dizer? continua a trabalhar.

Tal resistência torna-se manifestamente incompreensível, ainda mais, se nos questionarmos face a outras opções, clara expressão de incongruência. Ouvi numa rádio questionar a razão, ou razões, que levaram o governo a propor a descida do IVA nos bilhetes das touradas para a taxa mínima de 6% e manter a taxa para consultas de veterinária em 23%. Conhecendo-se o imprescindível papel da comunicação social para a informação, para a comunicação entre os povos – Portugal não pode esquecer nunca a sua numerosa diáspora e a ligação a povos que têm o português como língua oficial – assim como a sua valia para a difusão cultural, não se compreende que a televisão pública deixe de ter acesso a publicidade para poder desempenhar cabalmente a sua missão. Ainda sobre a problemática dos reformados e à guisa de sugestão para quem estuda a economia social seria bom que uma tese de mestrado ou doutoramento aprofundasse o contributo dos avós para o PIB nacional. Haja quem aceite o desafio.

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