Sábado, 27 de Julho de 2024
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A pedofilia é um problema da sociedade

Penso que a Igreja Católica fez bem em constituir uma comissão para estudar os abusos sexuais cometidos por membros do clero e por instituições católicas, na senda do que o Papa Francisco tem exigido, depois do encobrimento e silenciamento que se verificaram nas últimas décadas.

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A Igreja não é uma instituição qualquer, pelos valores e princípios humanos, sociais, morais e espirituais que defende e proclama, tem uma obrigação acrescida de dar o exemplo e de mostrar um compromisso com a justiça e a verdade sem qualquer sombra de ambiguidade e de hipocrisia. E se prega que Deus, preferencialmente, está do lado dos pobres e dos mais frágeis, não pode deixar de estar próxima dos mais frágeis, que foram vítimas de abusos sexuais perpetrados por membros do seu clero e das suas instituições, e lhes fazer justiça, com total transparência e solidariedade. E dar sinais claros de que este ato e crime hediondo será fortemente vigiado e combatido dentro da Igreja, com tolerância zero, como pede o Papa Francisco. Contudo, vale a pena recordar que é uma ínfima parte do clero de toda a Igreja que está envolvida na pedofilia. Mesmo assim de lamentar profundamente, sem dúvida, mas também há que ver a situação na sua justa medida e com o devido equilíbrio. E seria bom que esta iniciativa da Igreja, como candeia que vai à frente a alumiar duas vezes, servisse para despertar e comprometer toda a sociedade, porque a pedofilia é um problema social transversal a todas as instituições que trabalham com crianças e com jovens, a começar desde logo pela mais basilar, que é a família, onde está o maior número de abusadores e onde acontecem, possivelmente, a maioria dos abusos e crimes. Não é justo que se passe a impressão de que a pedofilia é só um problema da Igreja e que a Igreja fique sozinha com o ónus de expiar esta imoralidade sórdida. Se, de facto, a sociedade está profundamente escandalizada com a pedofilia, como acredito que esteja, então constituam-se mais comissões para se ouvirem testemunhos de todas as instituições e de todos os lados e hemisférios.  

É inadmissível que esta concentração das atenções na Igreja esteja a servir de júbilo e a ser usada como campanha para alguns setores sociais e forças políticas combaterem a sua presença na sociedade e destruírem a sua credibilidade e autoridade junto das pessoas. E façam o favor de não misturar o celibato com a pedofilia, sabendo-se que a maior parte dos pedófilos são casados.

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