De acordo com dados da Agência Europeia do Ambiente, em 2018, apenas 0,4% das emissões totais de gases com efeito de estufa (da UE) provinham do setor ferroviário.
Em 2016, o governo lançou o “Ferrovia 2020”, um programa de 2,1 mil milhões de euros que visava melhorar e reforçar o sistema ferroviário português, nomeadamente os compromissos bilaterais com Espanha e as resultantes do “Corredor Atlântico”, o aumento do transporte de mercadorias e exportações e a ligação entre os portos portugueses e as fronteiras com Espanha e ligação com o sistema ferroviário espanhol e europeu.
Oito anos depois, a desilusão. O programa que devia estar concluído em 2020, ainda nem está executado a 50%.
Atualmente, aprovado na generalidade em novembro de 2022, temos um novo plano, o “30” (PFN), que corre o risco de ser apenas um lindo mapa. Este plano tem como objetivos, entre outros, levar a ferrovia a todas as capitais de distrito, estando prevista a linha de Trás-os-Montes, Porto-Vila Real-Bragança.
O Governo, na altura, apresentou este PFN com o objetivo expresso de obter o maior apoio dos portugueses e da Assembleia da República. E conseguiu.
Autarcas e associações rejubilaram, aplaudiram e desdobraram-se em comentários otimistas. Este documento ficou em consulta pública de dezembro de 2022 a fevereiro de 2023.
A Associação Vale D´Ouro, propôs a ligação de Alta Velocidade, Porto-Vila Real-Bragança-Zamora, com ligação a Madrid, proposta esta que contraria a litoralização do país e promove a sua coesão territorial.
Apesar de posições públicas, assumidas pelo governo socialista, este projeto não foi incluído na versão final do Plano Ferroviário Nacional, ficando fora da Rede Transeuropeia de Transportes. Mais uma oportunidade perdida para a competitividade económica e coesão dos territórios do interior.
O investimento na ferrovia é fundamental! Para além de contribuir para o desenvolvimento sustentável do país e permitir a integração de Portugal nas redes de transporte europeias, é um elemento de desenvolvimento nos territórios de baixa densidade.
O Programa Nacional de Investimentos 2030 prevê um investimento de mais de 10 mil milhões de euros em 16 projetos de modernização da rede ferroviária portuguesa, sendo que cerca de metade desse valor se destina à futura linha de alta velocidade Lisboa-Porto-Braga-Valença. É sempre assim.
No país, assim como no Concelho de Vila Real, os anúncios e intenções são muitos, as concretizações é que são poucas.
Hoje, reconhece-se que o desinvestimento na ferrovia nas últimas décadas foi um erro.
No fundo limitaram-se a dar ao povo aquilo que o povo queria: carros, estradas e autoestradas.
Assim é um foguete, é vistoso, causa aparato, mas tem uma vida efémera, desintegra-se pouco tempo após a apoteose do avistamento.
Do comboio foguete, que prometia ligar as cidades, com conforto, rapidez, segurança e sustentabilidade, apenas nos deram o foguete, e assim continuamos, iludidos que com o foguete vamos longe.