Não obstante, o impacto negativo do declínio demográfico, desafio do Norte e do país, no desenvolvimento económico, a transformação e a valorização dos fatores distintivos regionais tem permitido melhorar a qualidade de vida da população, inclusive nos municípios localizados em zonas de baixa densidade.
Em 2000, o PIB por habitante de Terras de Trás-os-Montes era igual a 79,2% da média do Norte. Decorridas duas décadas de convergência real, o valor aumentou para 90,6% em 2021.
O incremento no padrão de vida também se estendeu às sub-regiões vizinhas. Entre 2000 e 2021, o PIB por habitante do Douro face ao do Norte cresceu de 70,9% para 86,5%, enquanto no Alto Tâmega o aumento foi de 65,2% para 75,1%, durante o mesmo período.
Sendo verdade que o investimento público e os fundos estruturais da política de coesão da União Europeia foram instrumentais para o desenvolvimento desses territórios, salienta-se também o papel regenerador e inovador do investimento privado para a dinâmica de convergência verificada nestes territórios. A valorização económica dos recursos endógenos associados ao património natural, histórico e cultural, como são os casos do vinho, do azeite, da hotelaria, da gastronomia e das festas religiosas permitiu a criação de emprego e, por essa via, a fixação de pessoas nestes territórios.
Esses recursos endógenos induzem cadeias de valor agroalimentar e do turismo, que se afirmam como as mais importantes do setor privado nos territórios de baixa densidade, numa especialização económica que não se observa em todo o Norte. De acordo com os censos de 2021, as cadeias de valor agroalimentar e do turismo representavam 17,6% do emprego total de Terras de Trás-os-Montes, que compara com 22,4% no Douro e 16,9% no Alto Tâmega, valores manifestamente superiores aos da média do Norte (9,2%).
No entanto, e indicativo de uma fragilidade estrutural, as atividades económicas que criam mais valor acrescentado dentro das fileiras produtivas, designadamente as indústrias alimentares e das bebidas, continuam a ter uma reduzida presença no emprego local, apenas 2,6% do emprego total de Terras de Trás-os-Montes, 3,3% no Douro e 2,7% no Alto Tâmega. Estes valores são surpreendentemente reduzidos, tendo em conta a dimensão que as cadeias de valor agroalimentar e do turismo têm na estrutura de emprego local.
Neste quadro, e em termos prospetivos de definição de políticas públicas, importa reforçar a integração regional destas cadeias de valor, de modo a potenciar a industrialização e incrementar a atividade do turismo destes territórios em atividades económicas com vantagens competitivas em recursos inimitáveis.
Ninguém poderá levar o Alto Douro Vinhateiro, do próprio Douro, mas as pessoas deste território poderão sair, se não conseguirmos potenciar o seu valor económico e fazer crescer toda a cadeia de valor que lhe deve estar associada.