Ser defensora do poder local não é, no entanto, ser “localista”. Miguel Torga dizia, com toda a sua arte, que “o universal é o local sem paredes”! A coesão, a equidade territorial e a sustentabilidade que o mundo civilizado, a Europa, Portugal e Sabrosa pretendem resultarão de uma conjugação de esforços e de fatores muito diversos, parte de um percurso incontornavelmente coletivo, estando o trabalho diário da Câmara Municipal, das entidades e dos agentes locais direta ou indiretamente ligado, por exemplo, às metas de todos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. E o poder local tem a vantagem de estar próximo das pessoas e a obrigação de, agindo localmente, pensar globalmente.
O século XXI é o século dos territórios conectados! De facto, à grande vantagem das políticas de proximidade, em que cada município enfrenta os seus próprios desafios, todos apresentam fortes níveis de interdependência e têm, juntos, enormes desafios comuns, em favor das suas comunidades: a luta contra as alterações climáticas, maior igualdade de oportunidades e mais coesão territorial são fortes exemplos que ilustram que o poder local só cumpre cabalmente o seu papel se apostar numa estreita articulação com outras instâncias que permitam a resolução das exigentes equações que urge resolver. Mais uma vez, revela-se indispensável o funcionamento em rede.
Uma das minhas preocupações é o despovoamento e envelhecimento das nossas populações, a par da escassez de emprego para os mais jovens, indicadores preocupantes dos desequilíbrios que, todavia, persistem. As comunidades, essas, são testemunhas de que a autonomia do poder local o vocaciona para resolver, com proximidade, os problemas do seu território, de forma concreta, adaptada e no quotidiano. Sou testemunha da grande experiência que o poder local acumulou em termos de planeamento e gestão dos territórios e de boa (e controlada) aplicação dos recursos que são estratégicos para o desenvolvimento. Assim tenhamos o apoio das demais instâncias e níveis de poder!