Numa altura em que a retoma da economia começa a dar os primeiros passos, é imperativo que o Governo olhe para a nossa Região, e em particular para o Douro, como um território com características excecionais.
A Região vive uma situação sem paralelo na nossa memória coletiva. Adivinha-se uma crise económica, com contornos gravíssimos ao nível, por exemplo, do desemprego, do agravamento da desertificação do território e do abandono da terra e dos vinhedos.
Com a paragem da economia e a redução drástica das exportações, os stocks de vinhos da campanha anterior estão praticamente intactos, não se prevendo que haja capacidade de absorção suficiente para acomodar a próxima campanha, o que fará cair a pique os preços da matéria-prima no produtor. Os mais afetados serão, indubitavelmente, os pequenos produtores que irão descapitalizar-se e terão dificuldades de acesso ao crédito.
Sendo o Douro uma Região de monocultura, a crise poderá agravar-se ainda mais devido à falta de diversidade das fontes de receita. É importante agir rapidamente, conferindo aos nossos produtores ferramentas excecionais que lhes permitam continuar a trabalhar. O Douro merece estatuto de exceção!
Perante o possível abandono das terras, irá também sofrer a paisagem vinhateira, outro produto do Douro, que irá afetar ainda mais as receitas do turismo, um setor paralisado e sem previsão de recuperação. A sua retoma será muito lenta e com prejuízos irrecuperáveis.
Apesar dos seus parcos recursos, os pequenos Municípios do Interior do País, como o de Alijó, prestaram um valiosíssimo contributo no combate à progressão do contágio por SARS Cov-2, através de medidas de apoio às nossas populações e instituições, num enorme esforço financeiro. Demos uma prova da nossa clara e inequívoca solidariedade com o Governo Nacional e contribuímos para uma maior coesão social e territorial.
Impõe-se agora que o Governo promova medidas arrojadas e estruturantes para os territórios do Interior do País, como única medida capaz de fortalecer a tão falada coesão territorial.
Nós fizemos e continuamos a fazer a nossa parte. Esperamos que o Governo esteja à altura e faça o mesmo pelo Douro.