Sábado, 27 de Julho de 2024
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Viver com pressa não é viver

Todos temos a sensação de que a vida acelerou e que demos à vida um ritmo que a está a matar. Urge repensar esta voragem desvairada.

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Vivemos vidas de forma vertiginosa e veloz, em contrarrelógio, num ativismo febril, com agendas muito preenchidas, e demasiado voltados para o elevado rendimento, para a produção e a ação, para a resposta a todo o tipo de estímulos e solicitações, o querer tudo rápido e depressa, num automatismo inconsciente e, muito possivelmente, doentio.

Toda a gente anda cheia de pressa e tem muito que fazer. Transformámos a vida numa correria louca. Só que uma sociedade que não tem tempo, muito provavelmente, é uma sociedade que pensa pouco, reflete pouco, vive mal, é uma sociedade sem densidade e profundidade humana, cultural, social e espiritual.

Deixámos de ter tempo para aquilo que mais nos estrutura e humaniza, a vida familiar serena, a relação com os outros, o cuidar paciente dos outros, a amizade frutuosa e desinteressada, o convívio tranquilo, o prazer da conversa e do diálogo, o silêncio, o estudo curioso, a criatividade deleitosa, o fruir alegre da vida. Estamos a tornar-nos pessoas mais desumanas, mais superficiais, menos sábias, mais turbulentas e inconsistentes emocionalmente, desidratadas afetivamente, consumidas, mais frágeis e sós.

Deixámos de ter tempos para os vários ritmos da vida, o que leva o Papa Francisco a afirmar “numa sociedade onde os idosos não falam com os jovens, os jovens não falam com os idosos, os adultos não falam com os idosos nem com os jovens, é uma sociedade estéril, sem futuro, uma sociedade que não olha para o horizonte, mas para si mesma. E torna-se sozinha.”

O romancista Ernesto Sábato diz assim no seu livro Resistir: “O homem não pode manter-se humano a esta velocidade, se viver como um autómato será aniquilado. A serenidade, uma certa lentidão, é tão inseparável da vida do homem como a sucessão das estações é inseparável das plantas, ou do nascimento das crianças.

Estamos no caminho, mas não a caminhar. “Mas a vertigem não está só no exterior, assimilámo-la na nossa mente que não para de emitir imagens, como se também fizesse zapping; talvez a aceleração tenha chegado ao coração que já lateja num compasso de urgência para que tudo passe rapidamente e não permaneça”. “Já nem sequer sabemos rezar porque perdemos o silêncio e também o grito”. 

Vivemos numa vertigem que nos consome a vida. Há que pôr um travão neste culto da velocidade, que nos leva à pobreza existencial. 

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